Pe. Gilberto Kasper *
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Há muitas versões, estórias e lendas sobre Santo Antônio, Presbítero e Doutor da Igreja, chamado por nossa Reitoria, carinhosamente de Santo Antoninho, Pão dos Pobres! Trata-se da mesma pessoa, venerada de modos diferentes nos diferentes lugares onde nasceu, passou e morreu.
Santo Antônio recebe dois títulos reconhecidos mundialmente: Santo Antônio de Lisboa (porque nasceu em Lisboa-Portugal) e Santo Antônio de Pádua-Itália (porque foi em Pádua que exerceu seu ministério de exímio pregador e lugar onde morreu). Há muitas lendas em torno da vida e do exercício ministerial de Santo Antônio, porém, o que é indiscutível, que foi um arauto do Evangelho, ousado e corajoso pregador, sobretudo contra as injustiças sociais. Pregava coerência entre palavra e vida! Enquanto as pessoas economicamente privilegiadas o deixavam falando sozinho, as mais pobres se aproximavam dele para ouvi-lo. Grandes multidões o ouviam… É, também, invocado como o “Santo Casamenteiro e das Coisas Perdidas”.
Nós o chamamos de Santo Antoninho, Pão dos Pobres. Enquanto Santo Antônio exercia os serviços humildes de cozinheiro nos Conventos dos Frades Franciscanos, por onde andou, distribuía pães aos pobres, escondido dos superiores. Os melhores pãezinhos ele reservava aos pobres da redondeza dos Conventos e os distribuía. Daí a Família Proença da Fonseca, vinda de Lisboa, dar-lhe o título de Santo Antoninho, Pão dos Pobres! A casa onde residiam passou a se chamar a “Casa da Amizade” em 1957, onde acolhiam pessoas vindas de todos os lados e lhes distribuíam às terças-feiras o pão aos pobres. Na Festa de Santo Antônio eram distribuídas guloseimas, as mais diversas.
Fizeram daquela linda casa uma Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas, onde nunca houve sequer uma reunião de advogados. Sofreu um incêndio no dia 7 de setembro de 2019 e durante a pandemia foi demolido o que restou da residência, tornando-se um terreno que acolhe acampamentos de pessoas dependentes químicas. O Demolidor chamado Jesus e apelidado de Mineirinho me disse pessoalmente, que o Inventariante lhe pedira a demolição e como pagamento, poderia vender tudo o que fosse útil. Vendeu até mesmo três das quatro grades que separa o terreno da Igreja.
Ao sentir falta das grades, registrei o Boletim de Ocorrência, mas sem êxito até os dias de hoje. Logo após o incêndio o Inventariante afirmou ter passado o terreno à Prefeitura, o que também não nos foi confirmado pelo Governo Municipal. Ao contrário, o terreno (e não a Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres) sofreu uma intervenção judicial, já que fora tombado em dezembro de 2009, no mesmo tombamento do Templo e do Mosteirinho atrás da Igreja, este último, aliás, interditado pela Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros.
Não poucas vezes as pessoas que encontro pela cidade me afirmam: “A Santo Antoninho está fechada, sob intervenção judicial, não é mesmo? Nem há mais Missas la?” Ora, a Missa dominical continua sendo às 9 horas e a Igreja está sendo muito bem cuidada, mesmo que a conservemos intacta com o coração. Já investimos mais de 50 mil reais em câmeras, alarmes, concertinas e cercas elétricas, depois de 37 invasões de ladrões que roubam o que encontram pela frente. Nunca desistimos da Sato Antoninho e no próximo dia 17 de junho iniciaremos as obras de reforço estrutural de duas colunas internas e a rampa de acessibilidade, graças ao Grupo dos Amigos da Santo Antoninho, que são mais de 200 pessoas! E eu jamais desistiria de zelar por nossa Igrejinha!
Nesta quinta-feira, dia 13 de junho de 2024, celebraremos às 8 horas, em nosso Espaço Ecumênico Cultural de Espiritualidade, a Festa de nosso Padroeiro. São 121 anos evangelizando por uma fé madura! Celebraremos a Santa Missa com a Bênção dos Pães aos Pobres! A Igreja Santo Antoninho não fechou, não está sob intervenção judicial, mas aguarda seus fiéis afetiva e efetivamente comprometidos com seu restauro, agora finalmente, autorizado pelo CONPPAC (Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico e Arquitetônico). Continuamos com o Estudo Bíblico no quarto sábado mês, entre 9 e 11 horas, sob a coordenação das zelosas Amália Terezinha Balbo Di Sicco e Nilza Marchete, que já dura 15 anos.
Muitas são as razões de nossa gratidão, por tantas pessoas de boa vontade que nos ajudam a manter nossa Reitoria, cujos nomes colocamos sob a proteção de Santo Antoninho. Elencá-los, tomaria todo o espaço de nosso artigo, mas sintam-se todos colocados no cálice precioso do Senhor, durante a Solene Missa que juntos celebraremos! Sintam-se todos convidados! Nossa ternura e profunda gratidão os aguardarão na Avenida Saudade, 202, nos Campos Elíseos de Ribeirão Preto. A presença de cada um enriquecerá nossa simplicidade, já que Partilhamos de nossa Pobreza!
* Teólogo, reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres; pároco da Paróquia Santa Teresa D’Ávila, presidente do Fraterno Auxílio Cristão de Ribeirão Preto e jornalista
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