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Feminismo é uma jornada de amor e igualdade

O feminismo em nada se refere ao que algumas pessoas pro­pagam sobre ele, ou seja, “feminismo é ser contra homem, é odiar homem”. Nada disso. Feminismo é a busca pela igualdade entre homens e mulheres, é a ideia amorosa de que é possível que mulhe­res e homens sejam pessoas tratadas com igualdade e igualmente respeitadas. Igualdade de oportunidades, igualdades sociais, políti­cas e econômicas.

E essa luta é necessária porque ainda não temos na sociedade essa igualdade e respeito, ao contrário. Temos uma cultura que res­ponsabiliza a mulher pela jornada dupla de trabalho, que responsa­biliza apenas a mulher pela higiene da casa e cuidados com os filhos e filhas, e não cobra o mesmo dos homens, como se eles fossem imunes a isso ou incapazes disso.

Uma cultura que cobra da mulher acerca de seus próprios corpos, padronizando como eles devem ser; o tamanho do peito e da bunda, induzindo mulheres a colocar silicones se estes não se encaixarem no padrão cobrado; corpo magro; cintura fina; cabelo comprido e liso, e por aí vai. E cobra o comportamento também: não pode rir muito alto, não pode dançar com muita sensualidade, no estilo do slogan “bela, recatada e do lar”.

E os comportamentos impostos, quando não cumpridos pelas mulheres, podem ser utilizados contra elas para justificar assédios, abusos, violências e estupros cometidos pelos homens.
Por outro lado, vejamos os homens, não demonstram preocu­pação com seus corpos e comportamentos, demonstrando estarem convictos de que merecem ser amados como são. E por que essa cobrança das mulheres, então? Há uma hierarquia entre homens e mulheres que faz com que homens possam cobrar mais beleza e perfeição das mulheres?

A mesma cultura responsabiliza a mulher pelo estupro que sofreu; “foi porque a saia era muito curta”. Responsabiliza a mulher pela violência que sofreu do companheiro; “ele pode não saber por­que bateu, mas ela sabe porque apanhou”. Responsabiliza a mulher pelo assédio que sofre do chefe: “foi assediada porque namorou um colega de trabalho, então, deu margem a isso.”

Nessa mesma sociedade a mulher adoece porque foi assediada e perseguida pelo chefe, a mulher é assediada no transporte coletivo, onde entra no ônibus e pode sair com a roupa manchada pelo sêmen de um homem que nunca viu. E a cobrança sobre a sexualidade da mulher, como se fosse algo público que qualquer pessoa pudesse dar opinião. Por que homens são criados para “pegar todas” e mulheres são criadas para serem puras e castas?

O relatório da Oxfam Brasil, baseado em dados da Pesquisa Nacio­nal de Amostra de Domicílio Contínua (PNAD) de 2.016 e 2.017 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que as mu­lheres, desempenhando o mesmo trabalho que os homens, ganham, em média, 72% do que ganham os homens no Brasil. As mulheres negras, desempenhando o mesmo trabalho que mulheres brancas, ganham ainda 30% a menos do que ganham as mulheres brancas.

O PNAD mostra, ainda, que mais de 40% das famílias brasilei­ras são chefiadas por mulher, destes lares 26,8% são compostos por mães que criam sozinhas filhos e filhas. Seis milhões de crianças sequer têm o registro do pai na certidão de nascimento. E com relação à esses homens a sociedade cobra tão pouco, quando pagam pensão alimentícia já são considerados heróis. Já se é a mãe que tem o mesmo comportamento, é crucifixada.

Isso tudo é certo? É justo? O feminismo entende que não e por isso defende a mudança dessa realidade. Essa é a luta do feminismo, ninguém acima de ninguém, apenas iguais em oportunidades e respeito.

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