A nossa Feira do Livro já se encontra instalada na Praça XV nas imediações do Theatro Pedro II, numa região que se transformou em palco da nossa história e em alicerce de nossas mais íntimas emoções. O acontecimento abre espaço para a nossa memória.
No passado remoto os países europeus usavam os nomes dos deuses mitológicos, quase todos herdados da tradição greco-romana, para dar nome ao tempo.
Nesta vertente histórica, o ano foi fixado em 10 meses. Ocorre que os romanos, festejando a memória de dois de seus mais relevantes heróis, resolveram instituir mais dois meses: “julho” para perpetuar os feitos de Júlio Cesar, e, “agosto” para documentar as vitórias de Augusto.
O calendário foi descalibrado e, com ele, o nome dos meses seguintes. “Setembro” que era o sétimo mês foi empurrado para o décimo lugar. “Outubro” que deveria ser o oitavo passou a ser o décimo. “Novembro” que seria o nono virou o décimo primeiro. E “dezembro” que, como se sabe, ocuparia o décimo degrau, ganhou o título de décimo segundo e último degrau do ano.
A Igreja Católica trabalhou no sentido de substituir os nomes profanos por nomes comuns começando na “segunda-feira” caminhando para o fim da semana no “domingo”, dia do Senhor. Os países europeus se negaram a aderir, preferindo permanecer usando os nomes profanos.
Um único povo alinhou-se à orientação do Vaticano: Portugal. O Brasil herdou então as regras de nossos antepassados portugueses. Não alinhamos o nosso tempo aos símbolos profanos, mas, sim, aos atos da nossa convivência.
Assim a Feira do Livro de Ribeirão Preto permaneceu consagrando a nossa tradição, valendo-se da linguagem histórica herdada das plagas lusitanas.
A palavra “feira” para romanos designava “dia de festa”, oportunidade na qual as pessoas se reuniam não apenas para comemorar a existência, mas também para vender seus produtos.
O vocábulo “livro” também recebemos do latim “livrum”, significava o canal pelo qual as seivas transitavam para a alimentação dos vegetais. A tradição católica afirma que o arcebispo de Sevilha, santo Isidoro, doutor da igreja, escrevia seus “livros” nas cascas das árvores, daí o suposto nascimento do vocábulo “livro”, irradiando a imagem do que dele temos hoje: o canal pelo qual são irradiadas as seivas da nossa cultura, alimentando a nossa vida e projetando o nosso futuro.
Todas as palavras derramadas não conseguem descrever a importância e a relevância do enorme trabalho cultural e material realizado pelos “feirantes” da Feira do Livro de Ribeirão Preto que pela sua enormidade cultural já se esparramou por toda a nossa região, levando a cultura das gerações passadas e presentes para todas as gentes, com certeza consertando e concertando o futuro do nosso povo.
Para colaborar com essa construção, devemos nos comportar como os antigos romanos, reunindo todos os nossos povos e toda a nossa gente, no eito da Praça XV, ou seja, no largo da Feira do Livro de Ribeirão Preto não apenas pelo “livro”, mas também para dar concreção e concretude a toda nossa história brasileira.