O número de casos de febre amarela cresceu mais de 400% em 2018 no Estado de São Paulo. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, de 1º de janeiro a 31 de agosto deste ano houve 537 ocorrências autóctones da forma silvestre da doença confirmados no Estado e 185 deles evoluíram para óbitos. No ano passado, foram registrados 103 casos e 47 mortes.
Em Ribeirão Preto não há ocorrências desde 2016. Em janeiro, o secretário municipal da Saúde, Sandro Scarpelini, descartou a realização de campanha de vacinação na cidade porque, no ano passado, a cobertura vacinal foi de100% – uma dose é o suficiente para toda a vida.
Em oito meses deste ano a Divisão de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde investigou quatro casos suspeitos, contra dez de 2017, sem confirmação em ambos os exercícios. O último óbito por febre amarela na cidade foi em dezembro de 2016, quando houve grande mobilização de vacinação para bloquear a doença.
Scarpelini explica que a partir desse óbito por febre amarela na cidade, em 2016, foi feito um grande trabalho de bloqueio com recolhimento de macacos mortos e envio para análise no Instituto Adolfo Lutz, monitoramento constante de primatas e campanha de vacinação que imunizou mais de 100 mil pessoas.
“Ribeirão Preto, em dois anos consecutivos, não registrou nenhum caso, fruto da vacinação, da cobertura que fizemos e o que é desenvolvido todos os dias nas unidades de saúde quando levam as crianças para se vacinar, então nós estamos bloqueados para febre amarela”, disse Scarpelini.
“Ribeirão Preto é área de recomendação de vacina desde 1992. Ou seja, além da campanha que reforçou a imunização da população contra a doença, inclusive a flutuante, há 25 anos que a Secretaria Municipal da Saúde tem a vacina na rotina. Por isso, no total, já foram aplicadas mais de um milhão de doses, temos uma boa cobertura vacinal”, diz o secretário.
No Estado de São Paulo, dos 537 casos, 28% das infecções por febre amarela foram contraídas em Mairiporã e 8,9% em Atibaia. De acordo com a secretaria estadual, essas duas cidades respondem por 37,2% dos casos de febre amarela silvestre no Estado e já têm ações de vacinação em curso desde 2017.
Segundo a Secretaria de Saúde, em todo o Estado, 14 milhões de pessoas ainda não foram imunizadas contra o vírus da febre amarela. Os dados de epizootias (morte ou adoecimento de macacos) evidenciam que o vírus continua circulando no território. Para o infectologista Marcos Boulos, coordenador de Controle de Doença da Secretaria Estadual de Saúde, com a chegada do verão o número de casos da doença vai aumentar em São Paulo.
“Febre amarela é uma doença de verão. O vírus continua entre nós, e a vacina é a única forma de combate à doença”, explica Boulos. O especialista faz um alerta para quem ainda não se vacinou procurar as unidades de saúde e estar protegido na chegada do verão, época de maior atividade dos mosquitos transmissores.
“As pessoas que forem às regiões de mata e parques devem estar vacinadas”, lembra Boulos. O Centro de Vigilância Epidemiológica informa que, somente em 2018, já foram vacinadas contra febre amarela mais de oito milhões de pessoas. O número ultrapassa a marca da vacinação no decorrer de 2017, quando 7,4 milhões de doses foram aplicadas.