Durante a semana em que Wuhan foi a capital do esporte com a realização dos Jogos Mundiais Militares, o que mais se viu foi a paixão demonstrada pelos fãs chineses. Mas esse sentimento não se concentra apenas na admiração aos atletas do próprio país. Ao longo desses nove dias, foi possível perceber como eles se relacionam de uma forma diferente com o esporte simplesmente observando como eles reagiram a alguns resultados e também a figuras brasileiras.
O assunto mais abordado quando as pessoas nas ruas, no hotel ou no centro de mídia descobriam que falavam com alguém da imprensa do Brasil era a final do vôlei feminino. A seleção é alvo de adoração no país, o que ficou bem evidente na decisão, em que as chinesas foram derrotadas pelas brasileiras por 3 sets a 1. O barulho dentro do ginásio era ensurdecedor. Mas em nenhum momento após a confirmação da derrota, e a frustração inevitável, os chineses apelaram para vaias. Pelo contrário, mostraram apoio às atletas mesmo sem o desejado ouro e mantiveram todo o respeito e admiração pelas brasileiras. Os jornalistas do Brasil receberam muitos parabéns pela vitória, sem sequer terem entrado em quadra.
Essa relação teve outros episódios curiosos. O mais pitoresco foi o status de super estrela alcançado pelo ginasta Arthur Nory, que sequer competiu em Wuhan, poupado com dores no ombro. A semelhança com o ator chinês Daniel Wu o alçou a condição de ‘muso’ dos chineses, alvo de muitos pedidos de fotos nos últimos dias.
O carinho é acompanhado pelo respeito. Os chineses conhecem as principais figuras do nosso esporte. Após conquistar o ouro no vôlei de praia junto com Evandro, Bruno Schmidt, também medalhista de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio, respondeu uma rodada de perguntas de interessados e respeitosos jornalistas locais. Ele, que somente neste ano veio três vezes a China, já se acostumou com essa peculiaridade.
“É um povo que transparece muita inocência, gostam muito de ter contato com os atletas. O esporte é realmente muito valorizado por aqui e isso e muito legal”, diz.
Não é preciso entrar em uma discussão de certo e errado. Basta reconhecer que esse é um bom exemplo de como acompanhar e se relacionar com os esportes.