Tribuna Ribeirão
Cultura

Fanzine vai contar história de biblioteca

A história da centenária Biblioteca Padre Euclides, lo­calizada no Centro de Ribeirão Preto, será contada de uma for­ma diferente. Nada de livros, vídeos ou exposições fotográfi­cas. A verdade, tudo isso junto e ao mesmo tempo agora. A plataforma desta vez, o fanzi­ne, pode até parecer analógica demais em tempos de alta co­nexão, mas é uma ferramenta pedagógica muito interativa.

A quinta edição do Pro­jeto Encontros Plures Moura Lacerda trará para a bibliote­ca uma Oficina de Fanzines, coordenada pelo jornalista e fanzineiro Angelo Davanço. A atividade, aberta ao público em geral, mas de grande interesse para professores e estudantes, resultará na produção de um fanzine com a história do es­paço. Serão utilizados textos, histórias em quadrinhos, ilus­trações, fotografias e colagens.

A publicação, que será ini­ciada na oficina e finalizada durante o período férias, tem seu lançamento previsto para o início de agosto. A Oficina de Fanzines acontece neste sába­do, 29 de junho, das dez às 12 horas, na própria Biblioteca Pa­dre Euclides, na rua Visconde de Inhaúma nº 490, 1º andar. O evento é gratuito e com vagas limitadas. As inscrições devem ser feitas por meio da platafor­ma www.eventbrite.com.br.

Jornalista e fanzineiro
Fanzines, ou zines, são pu­blicações alternativas e de bai­xo custo, geralmente produzi­das em fotocopiadoras. Suas páginas trazem ilustrações, textos e colagens, em um pro­cesso de produção livre das regras do mercado editorial. Os zines servem para mostrar o trabalho de novos talentos, divulgar informações pouco exploradas pela mídia con­vencional e, ainda, fazer o re­gistro de histórias de lugares e pessoas por meio de um pro­cesso coletivo de produção.

Angelo Davanço tem 50 anos, é jornalista e fanzineiro desde 1991. Trabalhou no jor­nal A Cidade durante 13 anos e, hoje, atua na produção de conteúdo para mídias impres­sas e digitais. Produz fanzines e realiza palestras, oficinas e workshops sobre o tema. É edi­tor do zine A Falecida e coor­dena o encontro mensal Zine Travessa, na Livraria da Traves­sa do RibeirãoShopping. Mais de seu trabalho pode ser con­ferido nas redes sociais @an­gelodavanco ou no blog www. angelodavanco.com.br.

Encontros Plures
O coordenador de Comu­nicação do Centro Universi­tário Moura Lacerda e orga­nizador da oficina, Fernando Mello, salienta que o Encontros Plures foi criado para se tornar uma referência no fomento e na promoção da diversidade cultural da cidade e da região. O projeto está alinhado à mis­são do Moura Lacerda, que atua na construção de novas possibilidades de diálogo com a comunidade.

“A cada edição o projeto torna o local onde ele é rea­lizado um espaço de debate e aprofundamento sobre a democratização do conheci­mento. E é isso que veremos nesta Oficina de Fanzines, cujo resultado resgatará a his­tória de um equipamento cul­tural muito importante para a formação da identidade da sociedade, tudo isso de forma lúdica e artística”, completa.

A Biblioteca Padre Euclides
Fundada há 116 anos, em maio de 1903 por iniciativa do padre Euclides Gomes Carnei­ro, a biblioteca, nos seus mais de 100 anos, vem promovendo o estímulo à leitura e o gosto pelas artes, além de prestar re­levante serviço de cunho social para Ribeirão Preto. Foi criada com acervo inicial doado pelo próprio pároco, constituindo-se hoje em verdadeira relíquia com obras editadas no século XIX e início do XX. Atualmente tem cerca de 18 mil títulos em seu rico acervo.

A história da Biblioteca Pa­dre Euclides se confunde com a da comunidade local e é um capítulo completo na história de Ribeirão Preto. Conserva em seu acervo obras raras, bem como obras que relatam e retra­tam a história da entidade com a cidade. Por exemplo: foi abrigo e hospital improvisado durante a chuva de pedra que assolou Ri­beirão Preto em 1909 e nas revo­luções de 1924 e 1930; foi quar­tel-general de julho a setembro de 1932, durante a Revolução constitucionalista e, ainda em 1932, serviu como sede da única rádio da cidade, a PRA-7.

Desde julho de 2010, por meio de acordo de parceria, passou a ser também a sede da Oficina Cultural Candido Portinari, espaço da Secre­taria da Cultura do Estado de São Paulo gerido pela Or­ganização Social de Cultura Poiesis. Assumiu a manuten­ção/operação do espaço físi­co e colabora na recuperação da importância da entidade como polo convergente e di­vulgador da cultura na cidade de Ribeirão Preto, por meio das atividades de formação e difusão culturais que realiza nos espaços da biblioteca.

Desde 2010 a biblioteca se sustenta com doações, eventos beneficentes e a renda do alu­guel de oito salas comerciais no prédio. Nos últimos anos, com a queda da receita e a baixa procura por aluguéis no Cen­tro, a biblioteca entrou em cri­se financeira e corre o risco de fechar. Os voluntários buscam parcerias para manter o funcio­namento. As despesas mensais são relativamente baixas, cerca de R$ 6 mil gastos com energia elétrica, água, manutenção e o salário de uma secretária.

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