A família de Wesley Pires Alves Filho — que está desaparecido desde o dia 28 de agosto de 2020 — está fazendo uma rifa de um Volkswagen Gol para arrecadar fundos e conseguir realizar buscas no estado de Minas Gerais. O adolescente, de 13 anos, saiu da casa onde morava com os pais, em Franca, na região de Ribeirão Preto, e não foi mais visto desde então.
Prestes a completar seis meses de seu desaparecimento, a família do garoto já se deslocou até várias cidades da região e até outras, como Ubatuba (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Santa Luzia (MG), Uberlândia (MG), Uberaba (MG) e Patrocínio (MG).
De acordo com Wesley Pires Alves, pai do adolescente, a ideia de vender números dessa rifa é para que possam contratar alguém que conheça Minas Gerais e saiba fazer uma busca mais aprofundada. “Eu já cheguei a falar com duas pessoas, mas eles não podem largar o serviço para ficar andando comigo. Então, a ideia era levantar o dinheiro para pagar eles”, disse.
Ainda segundo o pai de Wesley, ele acredita que o filho possa estar em sítios, em fazendas, em cidades pequenas ou em vilarejos de Minas. “Mas por que ele ainda não voltou? Medo. O medo de ter feito o que fez. Eu na idade dele também não voltaria. Não sabemos também se ele está com uma pessoa por vontade própria”, comentou.
Para adquirir números dessa rifa, é necessário entrar em contato com a família pelo número (16) 99316-9255. O valor de cada número custa R$ 100 e o sorteio será realizado por meio de uma rádio de Franca. A família ainda ressalta a importância de que a compra seja feita diretamente com eles e que não há autorização de terceiros para realizar a venda.
Investigação policial
Após os primeiros dias do desaparecimento de Wesley, a Polícia Civil de Franca traçou um perfil psicológico do adolescente, para entender o motivo pelo qual ele teria fugido. Na oportunidade, o delegado do caso, Eduardo Bonfim, conversou com o jornal Tribuna e informou que havia periciado o celular de Wesley, mas não foi encontrado nenhum tipo de conversa que remetesse a uma fuga.
Até o momento, a investigação já seguiu informações que levaram até diferentes cidades, inclusive, Ribeirão Preto. Neste caso, foi recebida informação de que o garoto teria pedido carona a um motorista de uma van, que o levou de Serrana até Ribeirão Preto, na manhã do dia 9 de setembro. Pessoas da cidade teriam dito ter visto Wesley em um farol perto da rodoviária, porém, nenhum dos relatos se concretizou.
Na última quarta-feira, 17 de fevereiro, o jornal Tribuna entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Estado de São Paulo que, por meio de nota, informou que o caso segue em investigação pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Franca. A nota comunicou ainda que os familiares de Wesley foram ouvidos e as equipes permanecem em busca de elementos que auxiliem na localização do desaparecido e esclarecimento dos fatos.
Desaparecimento no Brasil
Segundo dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2020, o Brasil registrou pouco mais de 79 mil pessoas desaparecidas no ano anterior. Sendo que destas, 39 mil foram posteriormente localizadas. Somente no Estado de São Paulo, o número absoluto de desaparecidos naquele ano foi de 21.745, sendo localizadas quase 10 mil.
No dia 10 de fevereiro, o Diário Oficial da União trouxe publicado o decreto que regulamenta a Política Nacional de Busca de Pessoas Desaparecidas. A política define as atribuições dos órgãos federais e cria um comitê gestor.
A Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), coordenará as ações de cooperação operacional entre órgãos de segurança e autoridades estaduais. A pasta também vai consolidar informações em nível nacional, elaborar o relatório anual de estatísticas sobre pessoas desaparecidas e gerenciar o Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas.
A reformulação desse cadastro foi uma das principais mudanças trazidas pela Lei 13.812, aprovada em 2019, que instituiu a Política Nacional de Busca de Pessoas Desaparecidas. A ideia é que o banco de dados tenha informações públicas, disponíveis para o público em geral, e informações sigilosas, que deverão ser compartilhadas apenas por forças de segurança e órgãos públicos envolvidos na política.