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Falta de mão de obra avança em vários setores 

Dificuldade no preenchimento de vagas se torna uma grande preocupação de empresas nos mais diversos segmentos; falta de qualificação é um dos maiores entraves na hora da contratação 

Dificuldade no preenchimento de vagas se torna uma grande preocupação de empresas nos mais diversos segmentos; falta de qualificação é um dos maiores entraves na hora da contratação (Reprodução/Redes Sociais)

Por Adriana Cristofoli 

Precisa-se de funcionários! Hoje em dia, não é raro se deparar com cartazes em frente a lojas e supermercados procurando mão de obra. Feirões de emprego também estão cada vez mais frequentes, mas, mesmo assim, sobram vagas. Ao mesmo tempo, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil começou o ano de 2025 com quase 7 milhões de desempregados. Mas essa discrepância numérica, não acontece só no Brasil. 

O “Relatório de Tendências Migratórias Globais de 2025”, da consultoria Fragomen, aponta que empresas ao redor do mundo enfrentam desafios crescentes para preencher vagas estratégicas, especialmente em tecnologia, saúde, manufatura e energia sustentável. 

Reginaldo Rocha: “Queremos atender às necessidades das empresas locais”

A Prefeitura de Ribeirão Preto também percebe o problema de falta de mão de obra e está dedicando atenção à análise das necessidades do mercado local. Segundo Reginaldo Rocha, chefe da Divisão Trabalho e Renda da Secretaria de Inovação e Desenvolvimento, o município tem adotado uma série de medidas práticas. Entre elas, um levantamento detalhado sobre o déficit de vagas na cidade e com base nestes dados, a administração busca parcerias e convênios para oferecer cursos de qualificação profissional em diversas áreas, visando preparar melhor os trabalhadores e atender às necessidades das empresas locais. “Além disso, estamos planejando outras ações de apoio contínuo, como feirões e programas de inclusão profissional”, declarou. 

E no comércio?  

Paulo César Garcia Lopes, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto (SINCOVARP) e da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL Ribeirão Preto), afirma que o problema da falta de profissionais qualificados é um dos maiores gargalos da cadeia produtiva. Atinge diretamente o comércio varejista onde há carência para diversas funções especialmente as de vendedor e gerente de loja. “Infelizmente, quanto maior a qualificação exigida, maior a dificuldade de contratação”, diz.  

Para Paulo César Garcia Lopes, contratar tem sido uma árdua missão para os lojistas

Há dois anos, o Sindicato em parceria com o Sindicato dos Empregados do Comércio (Sincomerciarios) realiza mutirões de emprego. São centenas de vagas oferecidas em cada edição, especialmente no setor de supermercados. Os mutirões ajudam a amenizar o problema, no entanto, grande parte dos candidatos não consegue preencher os requisitos necessários para uma contratação. “Não passam nas entrevistas”, declara. 

Segundo Paulo, muitos têm dificuldade com o domínio da própria língua portuguesa ao falar ou escrever. Dificuldades, também, com cálculos e em lidar com novas tecnologias. “Contratar tem sido uma árdua missão para os lojistas”, ressalta. 

Paulo acredita muito na união de forças entre a Sociedade Civil Organizada (por meio das instituições que a representam) com o poder público, no sentido de realizar iniciativas que promovam conscientização e estímulo ao estudo e ao trabalho, bem como conectar quem quer e precisa trabalhar com quem precisa contratar, gerando oportunidades. “Levantamos e defendemos essa bandeira, e é esse caminho que estamos trilhando enquanto representantes oficiais do Comércio Varejista em Ribeirão Preto e mais 43 cidades da região”, finaliza  

Na Construção Civil  

Não é de hoje que a Construção Civil vem encontrando dificuldades com mão de obra, num processo contínuo de retirada dos mais velhos, sem a suficiente entrada dos mais novos. Os mais jovens já não têm interesse em trabalhar na construção civil, nem mesmo de se qualificar. O setor vem sofrendo já há muito tempo essa dificuldade e o desgaste é crescente, preocupando os gestores em geral.  

Ana Lucia Bittar diz que a falta de mão de obra está trazendo cada vez mais problemas para a viabilidade de novos empreendimentos

Ana Lúcia Bittar, engenheira civil, coordenadora de Formação de Mão de Obra da Associação das Incorporadoras, Loteadoras e Construtoras de Ribeirão Preto (Assilcon) disse que tem reunido empresas e trabalhadores, atuando de forma conjunta em busca de ações. Segundo ela, algumas soluções têm sido pensadas e precisam ser colocadas em prática como qualificação dentro dos canteiros, incluindo os novos engenheiros e arquitetos, formação de mão de obra operacional e de mestres de obras, com foco em atrair e treinar também as mulheres, e oferecer perspectivas de médio a longo prazo para funcionários, com planos de carreiras e treinamento continuado de qualificação e diversificação do conhecimento técnico nas áreas mais carentes. “Entendemos que sem esses programas estaremos fadados a uma falta de mão de obra qualificada cada vez maior, trazendo cada vez mais problemas para a viabilidade de novos empreendimentos”, avalia. 

Oferecer planos de carreira atraentes, qualificar mão de obra iniciante, abrir oportunidade para jovens em primeiro emprego. Ações como estas têm sido adotadas pela construtora Perplan. O setor tem dificuldade em atrair jovens, a média de idade dos profissionais no segmento é acima de 40 anos “Nos últimos anos, temos investido, principalmente, nas oportunidades para novos profissionais, que agregam nosso time com novas ideias e esforços, em uma mescla com os colaboradores mais experientes. Enxergamos as qualidades e o potencial de crescimento de cada colaborador para aumentarmos a qualidade e a competitividade a cada ano”, explica Luiz Fabiano Fernandes Chaves, coordenador de Recursos Humanos da construtora.  

Supermercados  

Os supermercados do Brasil enfrentam um grande desafio na contratação de funcionários, com 70% das vagas essenciais sem preenchimento. A falta de mão de obra atinge oito das dez principais funções do setor, conforme apontado por um levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).  

Açougueiro é um profissional extremamente requisitado nos estabelecimentos

Segundo a Associação Paulista de Supermercados (Apas), a escassez de trabalhadores já levou ao adiamento da inauguração de algumas lojas. As funções com maior dificuldade de contratação são: operador de caixa, padeiro, açougueiro, embalador, repositor de mercadorias, atendente de loja, vendedor e auxiliar de serviços de alimentação 

Além da baixa taxa de desemprego registrada no Brasil, que fechou 2024 em 6,6%, outros fatores contribuem para essa escassez. Muitos jovens, que costumam ter o supermercado como primeiro emprego, optam por trabalhos informais devido à flexibilidade. Além disso, o crescimento do empreendedorismo e do trabalho como pessoa jurídica tem reduzido o interesse por empregos no setor supermercadista. 

Bares e restaurantes

O setor de bares e restaurantes na Alta Mogiana enfrenta dificuldades significativas na contratação de profissionais qualificados. É um dos maiores desafios enfrentados pelo setor. A ausência de programas de formação adequados, a alta rotatividade, que ultrapassa 70% ao ano, e o desinteresse pela formalização do trabalho contribuem para a escassez de mão de obra qualificada.  

Renato Munhoz: “Atualmente, existem cerca de 500 vagas apenas entre os associados na cidade de Ribeirão Preto”

Para Renato Munhoz, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes Alta Mogiana (Abrasel), essa situação reflete uma tendência nacional, onde 89% dos empresários consideram difícil ou muito difícil preencher as vagas disponíveis em seus estabelecimentos. No último feirão de emprego realizado pela Abrasel Alta Mogiana, mais de 300 vagas ficaram em aberto, e atualmente, existem cerca de 500 vagas apenas entre os associados na cidade de Ribeirão Preto. “Em toda a região, esse número chega a 590”, declara.   

Renato diz que os principais impedimentos para contratação incluem a escassez de profissionais qualificados, especialmente para cargos especializados como sushiman, churrasqueiro, cozinheiro chefe e gerente.  

“Além disso, a falta de interesse pela formalização do vínculo empregatício, em função dos auxílios governamentais, é um fator agravante. Embora os empresários também estejam contratando profissionais sem experiência, com o objetivo de capacitar dentro da empresa, mesmo assim, a dificuldade em preencher as vagas persiste”, observa.  

Para tentar mitigar esse problema, a Escola de Gastronomia Abrasel oferece cursos gratuitos de qualificação em diversas áreas, como: Cozinha Profissional, Padeiro e Confeiteiro, Garçom, Barman, Panificação e Confeitaria, Doces e Sobremesas, Preparação de Sushi e Sashimi, além de cursos na área de gestão de bares e restaurantes. Esses cursos têm como objetivo capacitar profissionais e atender às necessidades do setor, preparando-os para o mercado de trabalho. 

Comércio e agropecuária fecharam no ‘vermelho’  

Segundo o Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego, em Ribeirão Preto, três das cinco principais atividades econômicas da cidade fecharam janeiro com superávit de vagas de emprego formal – serviços, construção civil e indústria. Comércio e agropecuária registraram déficit.  

O comércio fechou janeiro com saldo negativo de 297 postos de trabalho, fruto de 3.518 admissões e 3.815 demissões. No ano passado, contratou 44.235 e dispensou 41.420, superávit de 2.815. Em 2023, contratou 36.584 e dispensou 35.491, superávit de 1.093.  

O setor de serviços registrou 7.275 contratações e 6.867 rescisões em janeiro, superávit de 408 empregos formais. De janeiro a dezembro de 2024, contratou 83.742 e dispensou 81.189, superávit de 2.553. Em 2023, admitiu 77.560 e demitiu 73.384, superávit de 4.176.  

A construção civil fechou janeiro com superávit de 495 carteiras assinadas, fruto de 1.293 admissões e 798 demissões. De janeiro a dezembro, contratou 11.166 e dispensou 10.742, superávit de 424. Em 2023, contratou 10.495 e dispensou 10.442, superávit de 53.  

A indústria admitiu 1.237 trabalhadores e demitiu 915 em janeiro, com saldo de 322 empregos formais fechados. Em 2024, contratou 11.954 e dispensou 11.256, superávit de 698. Em 2023, admitiu 10.726 e demitiu 9.983, superávit de 743.  

A agropecuária admitiu 46 funcionários e dispensou outros 64, déficit de 18 postos a menos em janeiro. No ano passado, contratou 767 e dispensou 646, superávit de 121. De janeiro a dezembro de 2023, contratou 604 e dispensou 577, superávit de 27. 

 

 

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