O Facebook – a maior rede social do mundo – divulgou nota informando que o apagão global de cerca de seis horas e meia, na segunda-feira, 4 de outubro, em suas redes que incluem o WhatsApp e o Instagram, foi uma falha interna: um defeito durante alteração em suas configurações. A plataforma informou também que não houve um ataque hacker nem vazamento de dados dos 3,5 bilhões de usuários.
“Queremos esclarecer que acreditamos que a causa da queda foi uma mudança de configuração”, afirma a empresa. De acordo com o Facebook, a falha ocorreu durante uma mudança numa estrutura que coordena o tráfego entre seus centros de dados, o que gerou um efeito cascata que interrompeu a comunicação e fez com que outros centros fossem afetados.
A empresa não especificou quem executou a alteração na configuração e se essa mudança estava planejada. O Facebook também utilizou a nota para pedir desculpas aos usuários pelo apagão. “A todas as pessoas e empresas que dependem de nós, lamentamos o transtorno causado pela interrupção de nossas plataformas”.
O mesmo fez Mark Zuckerberg, presidente-executivo da empresa. “Desculpem pela interrupção de hoje (ontem) – eu sei o quanto vocês dependem de nossos serviços para ficarem conectados com as pessoas de quem gostam”, afirma o bilionário em postagem no Facebook depois que o serviço foi restabelecido.
No Brasil, sete em cada dez micro e pequenas empresas usam aplicativos como o WhatsApp para negociar produtos e serviços. De acordo com a nona pesquisa O Impacto da pandemia de coronavírus nos Pequenos Negócios, 70% dos pequenos negócios vendem online.
Desse total, 84% se comunicam via WhatsApp; 54% via Instagram; e 51% pelo Facebook. São 120 milhões de usuários do aplicativo no país. Acredita-se que o próprio Zuckerberg tenha perdido cerca de US$ 6 bilhões de sua fortuna pessoal em determinado momento, quando as ações do Facebook despencaram.
Segundo os números da Nasdaq – a bolsa de valores do mercado de tecnologia –, o Facebook perdeu cerca de 5,34% de valor de mercado até o momento com a falha. Isso equivale a cerca de US$ 50 bilhões – o valor total estimado da rede social Twitter. As ações do Facebook estão cotadas no momento a US$ 326,23.
Facebook, Instagram – a mais popular plataforma de compartilhamento de imagens – e WhatsApp – o aplicativo de troca de mensagens via celular preferido dos brasileiros – ficaram indisponíveis para cerca de 3,5 bilhões de usuários em todo o mundo. Outras plataformas sociais, como o Telegram e o Twitter, apresentaram instabilidades e funcionavam de maneira intermitente, com usuários de todo o mundo registrando queixas pelo serviço internacional de monitoramento de servidores e aplicativos Downdetector.
Para o advogado especialista em Direito do Consumidor na Era Digital, Marco Antonio Araujo Junior, o serviço prestado pela empresa proprietária do WhatsApp, a Facebook, se enquadra no conceito de serviços do Código de Defesa do Consumidor e, nessa linha, havendo falhas na prestação de serviços, a empresa poderá ser condenada a indenizar os prejuízos causados aos seus usuários, desde que devidamente comprovados.
“Há muito tempo o WhatsApp deixou de ser uma simples ferramenta de comunicação e passou a ser um serviço, com remuneração indireta, colocado no mercado de consumo. Pessoas e empresas que utilizam a plataforma como instrumento de trabalho ficaram impedidas de realizar suas atividades e podem ter tido prejuízos financeiros em razão disso. Se comprovados, o Judiciário pode condenar a empresa em indenizar os usuários”, explica Araujo.