Exatamente um ano após ser alvo de uma facada na campanha eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro foi recebido na manhã desta sexta-feira, 6de setembro, por um grupo de cerca de 40 pessoas na saída do Palácio da Alvorada que cantou “parabéns” em sua homenagem. Ele tem mantido o hábito de falar com apoiadores que o aguardam na entrada e saída da residência oficial da Presidência da República.
Normalmente, o presidente também conversa com jornalistas na saída da Alvorada, mas nesta sexta disse que só responderia perguntas sobre o seu “aniversário” ou sobre as comemorações de 7 de setembro, Dia da Independência. “Há um ano eu nasci em Juiz de Fora”, disse o presidente, em referência à cidade mineira onde foi esfaqueado e inicialmente atendido.
O Ministério Público Federal em Juiz de Fora acolheu pedido da Polícia Federal e prorrogou, por mais 90 dias, o inquérito que mira os supostos financiadores da defesa de Adélio Bispo de Oliveira, que esfaqueou Bolsonaro durante as eleições. Segundo a Procuradoria da República em Minas, há oitiva pendente e análise de informações de redes sociais. Ainda existe necessidade também de esclarecer a identidade de um financiador da defesa de Adélio – frente que está suspensa por decisão judicial.
Em dezembro, a Polícia Federal chegou a fazer buscas no escritório do advogado Zanone Manoel de Oliveira Júnior, que defende Adélio. No entanto, o desembargador Néviton Guedes, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), suspendeu a cautelar, acolhendo pedido liminar da Ordem dos Advogados do Brasil. Néviton determinou que os órgãos de investigação, como polícia e Ministério Público, não poderão usar qualquer registro ou informações colhidas na busca e apreensão, sob pena de eventuais provas colhidas serem anuladas.
Entre os materiais apreendidos, são citados livro-caixa, recibos e comprovantes de pagamento de honorários e do aparelho telefônico do advogado. Para conseguir suspender essa apuração, a OAB alegou que a “devassa” em torno do sigilo e do escritório é justificada apenas pela busca de esclarecer a fonte de pagamento de honorários a Zanone, o que, segundo a entidade, não tem amparo legal.
Para o magistrado, houve violação do sigilo funcional dos defensores. “Sem sombra de dúvida, os órgãos de persecução criminal, nos Estados democráticos, devem valer-se de suas capacitações e inteligência para encontrar outros instrumentos de investigação de determinado crime que não seja esquadrinhar, revolver e dificultar a vida profissional de advogado, invadindo a sua privacidade.” Contra a decisão, tanto o Ministério Público Federal quanto a AGU recorreram.
Inimputável
Em junho, o juiz federal Bruno Savino, de Juiz de Fora, decidiu absolver Adélio Bispo de Oliveira em ação penal referente à facada. O magistrado ainda converteu a prisão preventiva em internação provisória, e manteve Adélio na Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Campo Grande (MS). Adélio foi considerado inimputável. Ele permanece internado por tempo indeterminado, nos termos da sentença. O presidente Jair Bolsonaro (PSL) chegou a afirmar que recorreria da decisão.
À imprensa, ele afirmou não ter “dúvida” de que acertaram com Adélio uma tentativa de assassinato. “A gente sabe que o circo é armado, tentaram me assassinar sim”, disse. No entanto, o presidente acabou não recorrendo. A correção da hérnia incisional, quarta cirurgia que o presidente vai realizar é um procedimento considerado delicado, mas com boas expectativas de recuperação. A operação está prevista para ocorrer neste domingo (8), no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo.