Por Luiz Carlos Merten
Fabiula Nascimento, 41 anos, está em todas – nos cinemas, como a esposa vingativa de Morto Não Fala, o terror de Dennison Ramalho; na TV, no Vale a Pena Ver de Novo, com a reprise de Avenida Brasil, como Olenka, da novela que fez história de João Emanuel Carneiro; e também como a burguesa de outra novela, a das 7, Bom Sucesso.Ah, não – falta o teatro. “Me aguarde”, ela brinca. Atualmente, seu nome signifique muito trabalho e ela está feliz da vida. Diz que deu duro para chegar a esse momento. A crítica, o público – a emissora, a Globo -, todo mundo a elogia. Imagem viva de sensualidade, desde que coestrelou Estômago, de Marcos Jorge, de 2007, Fabiula tornou-se assídua em filmes e novelas, na maioria das vezes – quase sempre – interpretando mulheres suburbanas. Nada contra, por favor. Mas ela agradece a Rosane Svartman, coautora (com Paulo Halm) de Bom Sucesso e sua diretora em Pluft, o Fantasminha – que ainda está em finalização -, por haver confiado nela, oferecendo-lhe esse papel que não se compara a nada que tenha feito antes.
Vale destacar o perfil de sua personagem, Nana, tal como aparece no site da novela, na Globo. “Workaholic e perfeccionista, é a mente administrativa por trás dos negócios da editora Prado Monteiro. Filha de Alberto, irmã de Marcos, esposa de Diogo e mãe de Sofia, é uma empresária incansável que tenta salvar os negócios da família. Frequentemente é alvo da arrogância e crueldade do pai, que não aposta em suas ideias para salvar a editora. Nem desconfia que seu marido e sua assistente pessoal, Gisele, têm um caso.” Fabiula vestiu o figurino de Nana como um desafio. A rica, a poderosa. “Como atriz, é o que me motiva. Não gosto de ficar me repetindo.
Se você me propuser algo novo o meu o olho brilhará.” Foi assim que, no próximo filme de Rosane, aceitou fazer a mãe de Pluft, representando debaixo d’água, porque era a melhor maneira de tornar fluidos os movimentos do fantasminha, claro que depois de muita pós-produção (que ainda não terminou). Foi assim também com o terror do Dennison. “Nunca tinha feito nada do gênero, deu um trabalho louco. Aquelas sessões intermináveis de maquiagem. Os gritos. Pensa que é fácil?” (e ela ensaia um grito na entrevista que está sendo realizada por telefone).
Em Hollywood, Jamie Lee Curtis virou a scream queen, rainha do grito, na série Halloween – A Noite do Terror, de John Carpenter Jamie Lee tornou-se até diretora, realizando a série, que já virou cult, Scream Queens. Dennison Ramalho chamou-a para fazer a mulher de Daniel de Oliveira em Morto Não Fala porque precisava de uma atriz com temperamento forte e sensual. Fabiula possui as duas características. Na trama, Stênio, o personagem de Daniel, vem da periferia e dá plantão no necrotério.
Aprende a conversar com os mortos, e eles fazem das mesas da morgue um microcosmos do Brasil. Muitos jovens pobres, negros, vítimas da violência policial. Através deles, descobre a dura verdade. A mulher (Fabiula) o trai. Ele planeja a morte do amante. A situação escapa ao controle, ela descobre, vira uma fúria vingativa. No necrotério, proliferam os mortos vivos. O horror, o horror. A mulher não é flor que se cheire, mas Stênio é machista, um canalha. Quem é mais vilão – a mulher ou ele? “Nunca discutimos o assunto nesses termos, cabe a você e ao público avaliarem. Mas acho interessante que você levante isso como uma questão ética. Tem a ver com o papel, e a posição, da mulher na sociedade controlada pelos homens. Quem não se enquadra, precisa de corretivo”, ela comenta.
E prossegue: “Desde que li o roteiro, por conta dessa espiral de violência, entrei no filme como uma comédia de erros, só que é um drama medonho de erros”, diz a atriz, que gostou da experiência.
E Nana? “Estou achando maravilhoso. Nas novelas, sempre tive papéis legais, mas era sempre a irmã, a amiga, a mulher de alguém mais importante na trama. A Olenka de Avenida Brasil se enquadra nessa linha. Na época, achei ótima, com aquele jeitão divertido. Dessa vez a Nana é protagonista. Não é só uma questão de tamanho do papel, é a exigência que ele traz. É preciso segurar. Nana representa para mim uma mudança de atitude em cena, e também mais trabalho. Tenho de convencer que sou essa mulher gravando de segunda a sábado, todo dia, o dia todo. Mas tem sido compensador. A resposta do público, dos colegas, muita gente me fala da Nana.” Só resta o domingo para a casa, a praia, que adora, e o maridão. Emílio Dantas entende. “A gente se admira e se respeita muito. E ele também está superentusiasmado com o trabalho na série Todas as Mulheres do Mundo, que faz uma homenagem à obra de autor e diretor do Domingos Oliveira. Pelo que ele fala acho que também vai repercutir muito.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.