Compra de material escolar, liquidações de estoques natalinos, período de férias e a retomada das vagas de estacionamento em ruas e avenidas impactadas pelos corredores de ônibus, são fatores que devem aquecer as vendas em janeiro de 2025 no Comércio de Ribeirão Preto. Levantamento do Sindicato do Comércio Varejista (SINCOVARP) e da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL RP), por meio do Centro de Pesquisas do Varejo (CPV), estima crescimento médio de 2% a 4% em relação ao mesmo período de 2023 que, por sua vez, registrou alta de 7,3% na comparação com 2022.
“Como o Natal de 2023 foi bem abaixo das expectativas, as liquidações de janeiro de 2024 tiveram mais produtos oferecidos com descontos maiores, até para queimar os estoques. Agora a tendência se reverteu. Como nesse Natal de 2024 a movimentação de vendas foi mais intensa, as liquidações de janeiro de 2025 trazem menor quantidade de produtos e com descontos menores”, explica Diego Galli Alberto, pesquisador e coordenador do CPV SINCOVARP/CDL RP.
Ainda segundo Galli, “O período de férias também ajuda. Quem vai viajar, por exemplo, sempre acaba comprando alguma coisa antes de seguir para seu destino. Importante, também, a volta das vagas de estacionamento rotativo, entre horários de pico, nas ruas e avenidas impactadas pelos corredores de ônibus. Essa flexibilização está oxigenando o Comércio Varejista em um momento crucial e trazendo mais equilíbrio entre mobilidade urbana e atividades comerciais”.
Material escolar
O mês de janeiro é o mais importante para o segmento de papelarias e livrarias. Segundo Benedito José Caturelli, proprietário da tradicional MEC-Toca, no centro de Ribeirão Preto, o movimento na loja, nos primeiros dias de 2025, está equivalente ao do ano passado, no entanto, o volume de encomendas por WhatsApp é 20% maior. “Aqueles que têm condições estão antecipando a compra para evitar filas e ter mais tranquilidade. Muitos estão optando por receber o material em casa ou até mesmo pedindo para que este seja entregue direto na escola, encapado e etiquetado com o nome do aluno. Projetamos que na segunda quinzena de janeiro teremos um grande pico de movimento tanto no presencial quanto no online. A cultura de muitos brasileiros ainda é deixar para comprar na última hora”, diz.
O comerciante estima que os materiais escolares estão, em média, 5% mais caros nesse ano, em Ribeirão Preto. “E só estão nesse patamar porque adquirimos o estoque ainda em agosto e setembro de 2024, quando a cotação do dólar estava em cerca de R$ 5,50. Importante lembrar que há muitos produtos importados ou que possuem componentes importados na fabricação. Na prática, quem comprar o material escolar dos filhos nessa primeira quinzena de janeiro deve encontrar preços melhores. Já quem deixar para a reta final, quando muitos produtos terão reposição baseada na cotação atual do dólar (em torno de R$ 6,15), provavelmente deve pagar mais caro”, alerta.
A Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (ABFIAE), estima, em nível nacional, que a alta média dos preços do material escolar vai variar de 5% e 9%, nesse ano.
Pesquisa e PIX
Caturelli também destaca que na hora de pesquisar preços também é importante comparar qualidade. “Isso é muito sério, afinal, o material escolar é parte fundamental do processo de aprendizado e precisa estar à altura da educação dos filhos. É mais seguro e efetivo comprar de um estabelecimento especializado”, observa.
Outra dica do empreendedor é o pagamento via PIX. Por ser uma modalidade à vista e sem cobrança de taxa para o lojista, fica mais fácil obter desconto. “Aqui, por exemplo, o desconto para pagamento com PIX chegar a 5%. Vale destacar que, hoje em dia, o material escolar é a parte que menos pesa na lista geral das escolas. Tem também o uniforme. Mas o grande gasto das famílias com educação corresponde mesmo ao material didático (apostilas e livros) exigido pelo sistema de ensino adotado por cada escola”, completa.
Contexto amplo
Pesquisa do Instituto Locomotiva/QuestionPro, aponta que 85% das famílias brasileiras, com filhos em idade escolar, tiveram seus orçamentos impactados pelas despesas com material escolar. O índice chega a 95% entre as famílias de classe C.
Entre os entrevistados, 38% disseram que têm muito impacto no orçamento e, 47%, que têm algum impacto. Apenas 15% afirmaram que as compras de volta às aulas não têm qualquer impacto.
Nesse contexto, 35% disseram que irão parcelar as compras para o ano letivo de 2025. Entre as famílias da classe C, esse percentual sobe para 39%. A maioria, no entanto, 65%, pretende pagar à vista. Entre as classes A e B, esse percentual é ainda maior, 71%.
Intenção de compra
O estudo ainda mostra que 90% dos pais com filhos em escolas públicas e 96% com filhos matriculados em estabelecimentos privados, irão comprar materiais escolares em 2025. A maior parte das famílias precisará comprar materiais escolares solicitados pelas escolas (87%), seguido de uniformes (72%) e livros didáticos (71%).
Os pesquisadores estimam que o valor, movimentado nacionalmente pelo comércio de materiais escolares, aumentou de R$ 34,3 bilhões, em 2021, para atuais R$ 49,3 bilhões. A classe B é a que concentra a maior parte dos gastos, R$ 20,3 bilhões, seguida pela classe C, R$ 17,3 bilhões. Somadas, elas são responsáveis por 76% dos gastos nacionais. A Região Sudeste concentra a maior fatia dos gastos, 46%, seguida pelo Nordeste, 28%. O menor percentual está na Região Norte, 5%.
“Famílias que não têm dinheiro em caixa estão recorrendo ao crédito. Outras fizeram economia ao longo do ano já de olho na compra do material escolar. A intenção da maioria, de pagar à vista, comprova que grande parte dos consumidores brasileiros foi mais cautelosa em 2024 optando por formar uma reserva de recursos para cobrir as despesas desse início de 2025”, finaliza Diego Galli Alberto.