Uma reportagem do The Wall Street Journal revelou que documentos internos do Facebook dão conta de que a empresa considera que o Instagram afeta de forma negativa a saúde mental de usuários adolescentes. O principal problema da plataforma estaria nas comparações que os jovens fazem com os influenciadores.
Após o episódio, o chefe do Instagram, Adam Mosseri, minimizou as críticas em entrevista do podcast Recode Media. Segundo o executivo, os benefícios das redes sociais são maiores do que os malefícios criados por elas e discordou que essas plataformas possam ser comparadas com drogas ou cigarros, como recentemente foi sugerido para a FDA (agência regulatória dos Estados Unidos).
“Absolutamente não (podem ser comparados), e eu realmente discordo da comparação com drogas ou cigarros, que têm benefícios muito limitados, se houver”, explicou Mosseri. “Tudo o que for usado em grande escala terá resultados positivos e negativos. Os carros têm resultados positivos e negativos”, completou ainda.
“Sabemos que as pessoas que de outra forma morreriam em acidentes de carro morrem mais, mas no geral, os carros criam muito mais valor no mundo que destroem. E acho que as redes sociais são semelhantes”, disse também.
Após a comparação, Mosseri foi questionado se não seria necessária então uma regulamentação em cima das redes sociais assim como ocorre com a indústria automotiva, citada por ele, já que carros precisam passar por testes de segurança e terem recursos para tentar evitar ao máximo acidentes.
“Achamos que é preciso ter cuidado porque a regulamentação pode causar mais problemas “, respondeu ele. “Mas acho que somos uma indústria grande o suficiente para ser importante e temos que fazer com que ela evolua”, completou.
Pesquisa sobre o Instagram e adolescentes
Os documentos divulgados pelo jornal mostram o resultado de uma pesquisa interna do Facebook que concluiu que o Instagram pode fazer mal para adolescentes. “Trinta e dois por cento das meninas adolescentes disseram que quando se sentiam mal com seus corpos, o Instagram as fazia sentir-se pior”, escreveram os pesquisadores. Problemas com imagem corporal afetam uma a cada três meninas na rede social, diz uma pesquisa feita em 2019 em relatórios anteriores.
Com os meninos, 14% disseram que se sentem piores com eles mesmos após o uso da plataforma. Os resultados, segundo o jornal, indicaram para a empresa a necessidade de mais ações para combater o ambiente tóxico para adolescentes no Instagram. Apesar disso, a empresa ainda considera que a maior partes dos jovens não são afetados negativamente.
A divulgação dessa pesquisa chega em um momento particularmente delicado para o Facebook. Como o Instagram é uma rede permitida apenas para adolescentes com mais de 13 anos, a empresa discute a proposta de lançar uma plataforma voltada para o público infantil. A ideia, no entanto, enfrentou críticas no congresso dos Estados Unidos e o caso agora é reavaliado.
Via Olhardigital