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EXCLUSIVO – Adolescente fica sete horas em delegacia aguardando acolhimento

Jovem apreendido não teria RG nem CPF, estava com celular, dinheiro e teria admitido ter vendido drogas; Conselho Tutelar não justifica demora

Por: Adalberto Luque

Um adolescente ficou por mais de sete horas em uma delegacia aguardando um membro do Conselho Tutelar de Ribeirão Preto, para fazer seu acolhimento. O caso ocorreu na quarta-feira da semana passada, dia 15.

A reportagem do Tribuna Ribeirão apurou que o jovem foi visto por policiais militares em atitude suspeita. Eles fizeram a abordagem na Rua Prudente de Morais, em frente ao número 35. O adolescente estava com um celular, algumas cédulas de dinheiro e moedas e fragmento de uma substância amarelada, aparentando ser crack.

Ele admitiu aos PMs que vendia drogas em uma construção abandonada, na esquina das ruas Campos Sales com Amador Bueno e que tinha trocado o celular por pedras de crack com um usuário. Ele foi encaminhado então à Delegacia da Infância e da Juventude (DIJU), na Rua Alice Além Saadi, Nova Ribeirânia, zona Leste de Ribeirão Preto.

A ocorrência na delegacia começou a ser registrada por volta das 11 horas. Na qualificação, foi verificado que ele ainda não possui números de RG e CPF. Os PMs tentaram, mas não conseguiram localizar sua mãe. Fizeram, então, contato por telefone com o pai do jovem, que mora em Marília.

Um membro do Conselho Tutelar foi informado e requisitado para fazer o acolhimento do jovem. Informaram que o conselheiro iria até a delegacia. Entre 12h45 e 13h00, essa informação foi confirmada pelo Centro de Operações da Polícia Militar (COPOM).

Por volta das 16h00, no entanto, os policiais receberam uma ligação telefônica do integrante de um dos três Conselhos Tutelares existentes em Ribeirão Preto, informando que não iriam comparecer à DIJU. As informações foram registradas em Boletim de Ocorrência e testemunhada por policiais.

A pessoa inicialmente contatada estava, àquela altura, em audiência e também teria dito que não iria comparecer à delegacia. Várias tentativas de acolhimento foram feitas a partir de então. Os policiais ligaram para o Serviço de Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescentes (SAICA), para a Defensoria Pública e, finalmente, foram orientados a encaminhar e-mails para os endereços eletrônicos do Conselho Tutelar e do Fale Assistência Social (FAS), órgão da Secretaria Municipal de Assistência Social.

A própria Secretaria foi notificada por telefone e a polícia foi informada de que uma conselheira tutelar plantonista seria acionada.

A reportagem do Tribuna Ribeirão apurou que o acolhimento ocorreu somente após as 19 horas, deixando o adolescente mais de sete horas na delegacia. Ele havia se alimentado somente no horário do almoço.

O celular encontrado com o jovem foi apreendido, mas não havia registro de furto ou roubo. As investigações prosseguem para confirmar a origem do aparelho. O jovem informou que preferia o acolhimento a ter que voltar a viver com a mãe, mas manifestou o desejo de morar com o pai em Marília.

A reportagem tentou contato com membros dos três Conselhos Tutelares, via e-mail, mas não recebeu nenhuma resposta. O Ministério Público de São Paulo (MPSP) também foi procurado, mas informou que não podia passar informações pois o caso está sob sigilo.

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