O ex-vereador Cícero Gomes da Silva (PMDB), um dos 21 réus da ação penal que investiga a estreita relação da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Ribeirão Preto (Coderp) com a Atmosphera Construções e Empreendimentos, do empresário Marcelo Plastino – cometeu suicídio há um ano, logo no início da Operação Sevandija –, depôs nesta quinta-feira, 23 de novembro, na 4ª Vara Criminal.
Ele disse que a acusação de corrupção que pesa contra ele, feita pelo Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) com base em investigação de promotores e da Polícia Federal (PF), é “absurda”. Ele negou a prática de atos ilícitos, diz que a revista entregue a ele por Plastini no café de um shopping center da cidade continha pesquisas eleitorais e que ficou surpreso ao ver seu nome citado na Sevandija. “Foi uma surpresa meu nome estar envolvido”, afirmou.
Também garante ter conhecido Plastino no ano passado e que não tinha “amizade” com o empresário. O pernambucano Cícero Gomes da Silva, de 70 anos, foi vereador por 40 anos – entre 1976 e 2016. Ao juiz Lúcio Alberto Enéas da Silva Ferreira, ele listou os projetos da prefeita Dárcy Vera (PSD) em que votou contra ou se posicionou contrário na Câmara, alegando que não barganhou apoio ao governo anterior em troca de apadrinhamento político. Também afirma que não recebeu propina de Plastino durante os “cafezinhos”.
No ano passado, quando a operação foi deflagrada, ele havia dito que na revista entregue por Plastino uma lista de funcionários da Atmopshera que seriam demitidos. No entanto, a atual advogada dele, Tatiana Stoco, disse que o ex-verador foi orientado pela antiga defesa. Agora ele admitiu que havia uma pesquisa eleitoral no envelope, e que o empresário queria conversar com ele sobre o cenário político às vésperas da eleição municipal de 2016. Gomes da Silva falou ininterruptamente por mais de 20 minutos. Também respondeu às perguntas de promotores e de advogados dos outros réus da Sevandija.
A Polícia Federal flagrou o Plastino entregando um envelope para o então vereador em um shopping center. O delegado Flávio Reis disse ao juiz, em depoimento, que o empresário da Atmosphera havia confidenciado a ele, em conversa informal, que haviam R$ 10 mil no envelope. Gomes da Silva nega e afirma que jamais cometeu crimes ou irregularidades.