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Caso Stock Car – Ex-prefeita Dárcy vai depor em RP

A ex-prefeita Dárcy Vera (sem partido) está na Penitenciária Feminina de Vila Branca desde segunda-feira, 15 de janeiro. Na tarde desta sexta-feira (19), ela vai acompanhar, na 7ª Vara Federal de Ribeirão Preto, o depoimento de sete testemunhas no processo que responde por crime de res­ponsabilidade e dispensa indevida de licitação na contratação de uma empresa de publicidade para a edição de 2010 da prova da Stock Car na cidade – mais de R$ 40 mil pessoas lotaram a arquibancada para acompanhar a primeira cor­rida de automobilismo nas ruas da Zona Sul, vencida por Átila Abreu.

Nesta sexta-feira (19), a ex­-prefeita acompanha as audiên­cias de testemunhas Ela também deve ser ouvida pelo juiz Roberto Jeuken, da 7ª Vara Federal, que ne­gou o pedido da defesa para que Dárcy Vera fosse dispensada das sessões. O Ministério Público Fe­deral (MPF) cobra R$ 2,5 milhões da ex-chefe do Executivo por ter repassado um contrato de publi­cidade para a Confederação Bra­sileira de Automobilismo (CBA), que assinou com a Vicar Promo­ções Desportivas. A maior parte da verba veio do Ministério do Turismo (MTur) e a contratação deveria ter sido feita via licitação.

Dárcy Vera está presa desde 19 de maio (há oito meses) na Penitenciária de Tremembé, no Vale do Paraíba, sob a acusação de chefiar um esquema que desviou R$ 45 milhões dos cofres públicos de Ribeirão Preto – é acusada de receber propina de R$ 7 milhões, mas nega a prática de crimes e diz que vai provar inocência. Esta é a única ação penal da Operação Se­vandija em que a ex-prefeita é ré.

Na Justiça Federal, Dárcy Vera é acusada de desviar R$ 2,2 milhões destinados à realização de anúncios publicitários duran­te etapa da Stock Car na cidade em 2010. A advogada Maria Cláudia Seixas, que representa a ex-prefeita, disse que tudo será esclarecido ao final do proces­so e que provará a inocência de sua cliente. O caso passou a ser investigado pela Procuradoria­-Geral da República depois que a União reprovou por duas vezes a prestação de contas do convê­nio e notificou a administração a devolver a verba. Segundo o governo federal, Dárcy Vera não comprovou a aplicação do valor.

Em março de 2014, a base de sustentação do governo Dárcy Vera na Câmara de Ribeirão Preto barrou a instalação de uma Co­missão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o caso. Na Justiça Federal, a ex-prefeita res­ponde por crime de responsabili­dade e dispensa indevida de licita­ção. A pena máxima para os dois crimes, em caso de condenação, pode chegar a 17 anos de prisão.

Em 20 de setembro, o juiz Ro­berto Jeuken, da 7ª Vara Federal de Ribeirão Preto, negou o pedido de absolvição sumária feito pela defesa da ex-prefeita, e exigiu que ela compareça às audiências. Na mesma decisão, o magistrado le­vantou o sigilo do processo – que tramitava desde outubro de 2016.

Um convênio de R$ 2,2 mi­lhões firmado em 2010 entre a prefeitura de Ribeirão e o MTur, para divulgação do município da Stock Car daquele ano, foi o pivô da ação. A prefeitura repas­sou a execução do convênio e o dinheiro para a CBA, que tinha a Vicar como parceira exclusi­va para exploração publicitária. Segundo o MPF, o Ministério do Turismo impedia que a pre­feitura repassasse o convênio, na íntegra, para terceiros.

Além disso, nem prefeitura nem a CBA, segundo o governo federal, conseguiram comprovar a execução dos serviços pela Vicar. Para o MPF, ficou comprovado que Dárcy Vera “desviou rendas públicas do mencionado convênio em proveito da CBA”. Em dezem­bro de 2015, a ex-prefeita já havia sido denunciada pelo MPF, na área civil, por improbidade admi­nistrativa por conta desse convê­nio. O processo foi arquivado pela Justiça sem julgamento do mérito.

Os mesmos fatos, porém, resultaram na denúncia na área criminal. O processo tramitou no Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) até janeiro do ano passado e, como Dárcy Vera perdeu o foro privilegiado por ser prefeita, passou para a pri­meira instância.

Em novembro de 2013, a prefeitura firmou acordo com o Ministério do Turismo para de­volver R$ 2,3 milhões referentes ao valor do convênio com corre­ções inflacionárias. O montante saiu dos cofres municipais. Para o MPF, porém, “a devolução posterior dos valores não afasta a prática criminosa, que se consu­mou quando deixou-se de exigir licitação. Ao contrário, a devolu­ção corrobora a prática delitiva”.

Na época da acusação, a de­fesa de Dárcy Vera disse que a prefeitura devolveu ao MTur todo o montante do convênio, antes mesmo da denúncia pelo MPF, e portanto “não há lastro probatório mínimo para o prosseguimento da ação penal”. Também ressalta que a ex-prefeita jamais apropriou-se ou desviou rendas públicas, justi­ficando que a realização da Stock Car trouxe ao município “visi­bilidade nacional”, com “pro­moção do turismo e economia local”, e que o evento, necessaria­mente, deveria ocorrer mediante convênio com a CBA.

Ribeirão Preto sediou quatro etapas da Stock Car entre 2010 e 2014. No primeiro ano, o muni­cípio e a União celebraram um convênio para ações de publici­dade do município no evento: R$ 2 milhões foram repassados pelo governo federal e R$ 200 mil disponibilizados pela prefeitura. Para não correr o risco de perder outros convênios federais, como recursos do Programa de Ace­leração do Crescimento (PAC), a prefeitura assinou um acordo em 21 de outubro de 2013, par­celando a dívida – corrigida em R$ 2,346 milhões – em 24 vezes.

 

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