Apontado por uma testemunha como um dos assassinos de Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, o ex-policial militar Orlando Oliveira de Araújo redigiu na quarta-feira, 9, uma carta de dentro da cadeia negando participação no caso. No texto, ele também afirmou não ter envolvimento com a milícia que atua na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro.
A carta foi divulgada pela defesa do ex-PM nesta quinta-feira, 10. Segundo seus advogados, Araújo está sendo acusado por um policial com quem trabalhou em uma empresa de segurança.
“Não tenho qualquer envolvimento com esse crime bárbaro e me coloco à disposição de todas as autoridades que apurarem esse caso para pessoalmente prestar esclarecimentos”, diz a carta, que desqualifica o relato da testemunha. Araújo divulga o nome do policial que fez a denúncia (não divulgado pela reportagem, pois está sob proteção) e diz que o homem não tem “qualquer credibilidade”.
Na carta, Araújo nega ter se encontrado com o vereador Marcello Siciliano (PHS) para tratar da encomenda da execução de Marielle, o que foi apontado pela testemunha. “Nunca estive com o vereador (Marcello) Siciliano em nenhuma oportunidade. Com todo respeito à vereadora Marielle, eu nunca tinha ouvido falar dela”.
O ex-policial está preso em Bangu 9 desde outubro de 2017. A prisão é preventiva e os processos são referentes a um homicídio e a porte ilegal de arma. Segundo Renato Darlan, advogado de Araújo, ele é inocente nos dois casos. “É uma liderança comunitária. Está com muito medo de não ter voz para combater essas imputações direcionadas a ele, e se antecipou (com a carta)”, disse.
O advogado afirmou ainda que a testemunha – que seria miliciana, de acordo com Araújo – teria interesse na permanência do ex-PM na prisão. Os dois trabalharam juntos em segurança para empresas e Araújo teria se afastado quando soube que o colega estaria envolvido em práticas criminosas.