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Ex-ministros, SBPC e OAB pedem ‘moratória’

BRUNO KELLY/REUTERS

Todos os ex-ministros de Meio Ambiente do País e os presidentes da Sociedade Bra­sileira para o Progresso da Ci­ência (SBPC) e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) entregam nesta quarta-feira, 28 de agosto, uma carta aos pre­sidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), pedindo ação contra a crise ambiental que abala o País. Eles pedem a suspensão da tra­mitação de projetos de lei que possam de algum modo agra­var a situação e a moratória de “projetos de leis e outras inicia­tivas legislativas que ameacem a Amazônia, povos indígenas e biodiversidade”.

A carta, que será entregue em encontro com Maia na Câ­mara, alerta que o Brasil “vive uma emergência ambiental” – com a alta de desmatamento e de queimadas – “principal­mente devido aos retrocessos na política socioambiental bra­sileira e da campanha ostensi­va de representantes do poder executivo federal em favor de um modelo de desenvolvi­mento totalmente ultrapassado para a Amazônia e demais bio­mas do País”.

Os ex-ministros José Gol­demberg, Rubens Ricupe­ro, Gustavo Krause, Izabella Teixeira, José Sarney Filho, José Carlos Carvalho, Mari­na Silva, Carlos Minc, Edson Duarte, o advogado Felipe Santa Cruz (OAB) e o cien­tista Ildeu de Castro Moreira (SBPC) propõem a “suspen­são imediata da tramitação de todas as matérias legisla­tivas que possam, de forma direta ou indireta, agravar a situação ambiental no país; e a moratória ambiental para projetos de leis e outras ini­ciativas legislativas que ame­acem a Amazônia, povos in­dígenas e biodiversidade”.

Eles sugerem ainda a “re­alização de audiências públi­cas em comissão especial do Congresso Nacional, com a participação de especialistas em proteção do meio ambien­te, representantes das comuni­dades locais, do agronegócio e de agentes públicos federais e estaduais para tratar dos temas fundamentais da agenda socio­ambiental do País”.

Nessas audiências, eles pro­põem que sejam debatidos te­mas como riscos e oportunida­des socioambientais à proteção da Amazônia nas matérias le­gislativas em tramitação; novos marcos legislativos necessários ao aperfeiçoamento de ações para o desenvolvimento sus­tentável dos biomas brasileiros; e recomendações para a elabo­ração de um plano emergencial de ações para o enfrentamento da crise ambiental, com a redu­ção imediata do desmatamento e queimadas. É a segunda vez que os ex-ministros se unem para se manifestar contra as políticas ambientais do gover­no Bolsonaro.

Em maio eles também di­vulgaram uma carta alertando para o desmonte da governan­ça socioambiental do Brasil. No novo texto, o grupo frisa ainda que o “desmonte do Mi­nistério do Meio Ambiente, do Ibama e do ICMBio”, além de políticas e programas am­bientais e do Fundo Amazônia, “além de provocar inaceitável degradação do patrimônio na­tural e da qualidade ambiental do País, está colocando em risco a segurança de popula­ções indígenas e comunidades tradicionais e afetando direta­mente a saúde pública, fato tão bem evidenciado com a chuva negra que caiu sobre São Paulo recentemente”.

Eles lembram que esse ce­nário de “comoção mundial” tem levada a ameaças de boi­cote às exportações brasilei­ras, “pondo em risco a própria balança comercial do País” e cobram o Parlamento a “atuar como moderador e oferecer um canal de diálogo com a sociedade” – o que dizem ser a “única forma de reverter essa assustadora realidade”.

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