Tribuna Ribeirão
Geral

Ex-chefe do PNI fala à CPI da Pandemia

EDILSON RODRIGUES/AGÊNCIA SENADO

A Comissão Parlamen­tar de Inquérito da Pandemia (CPI) do Senado ouviu nesta quinta-feira, 8 de julho, Fran­cieli Fantinato, ex-coordena­dora do Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Mi­nistério da Saúde. Servidora de carreira, ela é enfermeira e tec­nologista da pasta desde 2015. Amparada por decisão do mi­nistro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), a depoente se negou a prestar compromisso de dizer a verdade aos parlamentares.

À CPI, a depoente disse que o pedido dela para deixar a coor­denação do PNI na quarta-feira (7) foi motivado pela “politi­zação do tema”. O então secre­tário executivo da pasta, Elcio Franco, foi citado por Francieli no contexto da adesão do Bra­sil ao consórcio Covax Facili­ty. O país poderia ter optado por receber uma quantidade de doses suficiente para imu­nizar 50% da população. Mas esse percentual foi definido em 10% da população. Segundo ela, à época da definição do percentual, Elcio Franco disse que “não tinha como colocar todos os ovos na mesma cesta”.

“Fizemos uma nota técnica inicial do Covax com o mesmo teor da nota técnica que nós fize­mos para a AstraZeneca, apon­tando que tinha necessidade de vacinar dentro dos cenários ou 55% da população até 95%, num cenário de incerteza. De­pois veio o contrato fechado, para que a gente se manifestas­se, por uma nota técnica, qual seria o grupo a ser atendido com aqueles 10%”, contou a ex-coordenadora do PNI.

Durante o depoimento, a ex-coordenadora do PNI leu uma nota técnica de 17 de fe­vereiro do Ministério da Saúde. À época, o documento alertava que a Covaxin ainda não tinha dados sobre sua eficácia publi­cados, nem liberação da Anvi­sa. Por isso, o PNI solicitou na ocasião que fossem pedidos à Bharat Biotech, produtora da vacina, os dados sobre eficácia e segurança, além de estraté­gias da empresa indiana para atualizar a vacina, a partir do surgimento de novas variantes.

A nota chamou a atenção do relator senador Renan Calheiros (MDB-AL). “As vacinas da Pfi­zer, a Coronavac e as recomen­dadas pela OMS [Organização Mundial da Saúde] tinham os mais rigorosos controles e com­pliance. Mas o governo prioriza­va na ocasião a única vacina que tinha um atravessador, a em­presa Precisa. Se tivesse dado a mesma prioridade às demais vacinas, quando oferecidas, mais de 300 mil vidas teriam sido salvas” observou. A CPI suspendeu as quebras de sigi­lo de Francieeli e ela passou de investigada para testemunha.

Prisão
O ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Ro­berto Ferreira Dias, vai respon­der em liberdade pelos crimes de perjúrio e falso testemunho por causa do depoimento dado por ele na quarta-feira, 7 de ju­lho, à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pande­mia do Senado.

Dias, que foi o primeiro depoente a ter a prisão decre­tada pelo presidente da comis­são, Omar Aziz (PSD-AM), prestou novo depoimento por cinco horas na delegacia do Se­nado, assinou um Termo Cir­cunstanciado de Ocorrência (TCO) e, após pagamento de fiança no valor de R$ 1,1 mil, foi liberado por volta de 23 ho­ras de anteontem.

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