Sérgio Roxo da Fonseca *
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Taís Roxo da Fonseca **
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Durante toda a evolução da sociedade, travada até o século XIX, mantidas as conhecidas exceções, os homens alicerçaram suas relações proclamando que a regra social estaria estancada profundamente na certeza de que tudo que os poderosos queriam era possível de ser concretizado.
A partir dos primeiros tempos do século XIX, o pensamento erigido em quase todo o âmbito avançado, essa regra foi alterada e ficou assim: eu somente posso quando revelada a vontade da sociedade em que vivo.
Não mais um poder gerado apenas por um querer supremo , mas de um viver marcado por uma reconhecida convivência democrática.
A sociedade deixou de ser regida pela vontade do rei, substituída pela redação dada à lei. No passado era ‘rex est lex’, dali para frente passou a valer ‘lex est rex’. O rei é lei e depois A lei é rei.
A linguagem da lei era o latim. Assim ‘morrer’ era ‘occidere’. Matar um homem era “homo occidere”, que se transformou em português em “homicídio”. O vocábulo “suicídio” é filho da mesma raiz: “sui occidere” (matar-se).
Portanto, até hoje, erradamente, dizemos que o sol morre no “ocidente”, ou seja, na vertente do verbo “occidere”. No entanto, a terra é redonda e diariamente dá volta em torno do sol que também é redondo.
Cristóvão Colombo descobriu o continente americano, acreditando que estava encostando seu navio na Ásia.
Mais tarde Américo Vespúcio, italiano nascido em Florença, sem contornar fisicamente o continente americano, registrou o equívoco de Colombo, proclamando que ele, Colombo, não navegara até a Ásia, porque as ilhas por ele registradas não estavam além do mundo já conhecido.
Navegando pelos mares hoje conhecidos, o golfo marítimo que margeia o México e os Estados Unidos, após séculos conhecido como o golfo do México, não está em tempo de ver seu nome substituído pelo atual Presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que navega por mares já antes navegados, alterando os limites dos mapas já historicamente consagrados.
Hoje não tem cabida proclamar que tudo que eu quero, eu posso.
Talvez Trump tenha extraído erradamente que como sua pátria, os Estados Unidos da América, tem em seu nome de batismo, a América, deve ser o instrumento válido para alterar a face do mundo.
Os nomes da América não foram criados pela cultura de sua Pátria, mas sim, pelo trabalho insuperável dos espanhóis, dos portugueses e dos italianos que, com seu sangue batizaram as águas e as terras do mundo americano.
O poeta Fernando Pessoa registrou, para sempre, que foi o sal contido nas lágrimas das mulheres portuguesas que salgaram as águas dos mares: “tudo vale a pena se a alma não for pequena”.
* Advogado, professor livre docente aposentado da Unesp, doutor, procurador de Justiça aposentado, e membro da Academia Ribeirãopretana de Letras
** Advogada