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Eu me converti!

Núcleo de Solidariedade Dom Bosco do FAC – Frater­no Auxílio Cristão da cidade de Ribeirão Preto, conseguiu atender crianças, adolescentes com suas famílias durante esse tempo de tantos desafios com a doação de cestas básicas, qui­tes de higiene e limpeza, bem como de tantos outros produtos alimentícios e escolares, doados por inúmeras pessoas de corações generosos.

Mas não basta oferecer alimentos e atividades que saciem a fome e ocupem nossas crianças, adolescentes com suas famílias em tempo de isolamento e distanciamento social. Há seis anos deixamos de ser uma espécie de “depósito de crian­ças e adolescentes”, chamando ao compromisso e correspon­sabilidade as famílias.

Através de encontros de formação, de reuniões sistemáti­cas as famílias foram se envolvendo nas atividades de nossa Instituição. Os resultados foram muito positivos. Não houve mais nenhuma gravidez precoce, os adolescentes deixaram de ser “engolidos” pelo chamado “pequeno tráfico de drogas”, e vêm demostrando grandes êxitos tanto na escolaridade como na formação humana, ou educação de berço.

Depois de oito meses de atendimento ininterrupto na sede do Núcleo Dom Bosco, chegou o momento da magnífica equi­pe de colaboradoras pedirem licença para entrarem na casa de cada família assistida. A alegria da acolhida por parte das famí­lias é encantador. Já o que nossa equipe encontra a cada visita, é desolador. Foi iniciativa da coordenadora geral Ana Abe!

Falamos em protocolos a serem seguidos para evitarmos a contaminação do novo coronavírus, a covid-19: lavar as mãos sempre, utilizar álcool em gel, manter distância de pelo menos um metro e meio das outras pessoas, usar máscaras, cumprimentar sem abraços e apertos de mãos.

A cada visita um grito que nos questiona: como orientar nossos assistidos a seguirem os protocolos? Na maioria das casinhas, mais barracos do que casas, de apenas dois ou três cômodos repartidos por madeira de compensado ou cortinas rasgadas, vivem no mínimo de cinco a sete pessoas, amontoa­das umas sobre as outras. Umas saem do barraco para outras entrarem. Inúmeras famílias não possuem água potável e não têm as mínimas condições de adotarem nenhum dos proto­colos previstos para evitar a proliferação da covid-19.

Algumas famílias estendem seus problemas para além da preocupação com a contaminação do novo coronavírus. São pais encarcerados, mães grávidas de outro companheiro, que não aquele com que convivem neste momento, crianças entre dois e três anos aos cuidados das avós, filhos que há meses não aparecem em casa, sem falar naqueles que jamais voltarão.

Sei que todas as nossas esforçadas Entidades, as que assumem o que seria responsabilidade de nossos governantes em todas as instâncias, mas não dão conta de fazê-lo, porque a assistência social em nosso País sempre ficou “para depois, caso sobre alguma migalha”, se envolvem integralmente junto às famílias das crianças, adolescentes e jovens que assistem.

Mas não poderia deixar de registrar a mais profunda gratidão a todos que acreditam no trabalho sério do FAC, e por meio das inúmeras parcerias nos ajudam a manter nossos projetos em favor do resgate da dignidade humana de cada criança, adolescente e família.

Assim sendo, não basta doar cestas básicas: seria muito enriquecedor ir conhecer quem recebe as mesmas cestas para não adoecer de fome. Quem desejar juntar-se a nós nessas visitas, fique à vontade e venha deparar-se à verdadeira dispa­ridade entre os que doam e os que recebem! Eu me converti!

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