Em meio à crise da cadeia sucroenergética, com a possibilidade de interrupção da safra de cana-de-açúcar que mal começou caso o governo federal não anuncie ações para evitar o colapso do setor, o preço do etanol combustível subiu mais 3,97% na semana passada e já acumula alta de 11,18% em 15 dias deste mês. Apesar do reajuste, o litro do produto, que chegou perto de R$ 2,15 no final de fevereiro, segue abaixo de R$ 1,50.
Os dados foram divulgados na sexta-feira, 17 de abril, pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) – vinculada à Universidade de São Paulo (USP). O preço do hidratado passou de R$ 1,3990 para R$ 1,4545. Antes do aumento de 7,21% no dia 9, o produto acumulava retração de 39,1% desde o início de março, depois de subir 3,54% em fevereiro.
O preço do anidro – adicionado à gasolina em até 27% – subiu 3,27%, já está acima de R$ 1,60 e acumula correção de 3,57% na quinzena. Passou de R$ 1,5871 para R$ 1,6390. Antes, acumulava 34,07% de baixa em 45 dias, depois de subir 0,98% no mês do carnaval. A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) distribuiu comunicado na semana passada.
Diz que o etanol, um dos produtos mais impactados pela crise do coronavírus, tem sido vendido abaixo de seu valor de custo e, se isso continuar, as usinas serão obrigadas a interromper a safra, com efeitos impensáveis para uma cadeia que envolve produtores de cana, fornecedores de máquinas e insumos, cooperativas e colaboradores em mais de 1.200 cidades brasileiras.
São 370 usinas e destilarias, 70 mil fornecedores de cana, num total de 2,3 milhões de empregos diretos e indiretos que estão sob ameaça iminente. Na terça-feira (21), a Petrobras reduziu o preço médio da gasolina em 8% e o do diesel em 4% nas refinarias. Os novos cortes ocorrem diante de uma persistente queda nos preços do petróleo e de seus derivados no mercado internacional, por impactos do novo coronavírus sobre a economia global.
Com a nova redução, o preço da gasolina vendida pela estatal já caiu 59% e o diesel 40% no ano, ainda não totalmente repassada para o consumidor, avaliam analistas. Segundo o levantamento semanal da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), realizado em 108 cidades paulistas entre 12 e 18 de abril, a gasolina vendida em Ribeirão Preto, que era a mais barata do estado até dia 21 de março, custa menos de R$ 4. Em média, o litro é vendido a R$ 3,848, contra R$ 3,875 do período anterior.
O preço médio do diesel é de R$ 3,092 – era de R$ 3,176. O diesel S10 é vendido por R$ 3,438, acima dos R$ 3,386 da semana anterior. O etanol ribeirão-pretano, que era o terceiro mais barato do estado em meados de março, custa R$ 2,466 contra R$ 2,470 do estudo divulgado no dia 9.
Considerando os valores médios da agência, de R$ 3,848 para a gasolina e de R$ 2,466 para o derivado da cana, ainda é mais vantajoso abastecer com etanol, já que a paridade está em 64% – deixa de ser vantagem encher o tanque com o derivado da cana-de-açúcar a relação chega a 70%.
Nas bombas de Ribeirão Preto, o litro do diesel já pode ser encontrado por R$ 3 (ou R$ 2,999) nos sem-bandeira e R$ 3,70 (R$ 3,699) nos bandeirados. O etanol, que custava, em média, R$ 2,60 (ou R$ 2,599) nos independentes e R$ 2,80 (R$ 2,797) nos franqueados, agora custa R$ 2,30 (R$ 2,299), queda de 3,8% (desconto de R$ 0,10) e 11,5% (abatimento de R$ 0,30), respectivamente.
Já a gasolina, que antes era repassada ao consumidor, em média, por R$ 3,90 (ou R$ 3,899) nos sem-bandeira e R$ 4,30 (R$ 4,298) nos bandeirados agora custa, em média, R$ 3,55 (R$ 3,5499) e R$ 3,90 (R$ 3,899), retração de 9% (desconto de R$ 0,35) e 9,3% (abatimento de até R$ 0,40), respectivamente. O viés de baixa ocorre por causa do isolamento social e a baixa procura por combustível.