O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da ex-aluna de Jornalismo do Centro Universitário Barão de Mauá, Priscilla Figueiredo, foi publicado na revista Transições. Intitulado “Imprensa no Brasil: um estudo do assassinato de jornalistas na ditadura e no período democrático”, o trabalho contou com a orientação da docente Gabriella Zauith.
Formada em 2011 em Produção Audiovisual, também pela Barão, Priscilla conta que, sete anos depois, voltou à instituição para se formar em Jornalismo.
No último ano de sua graduação, em 2018, foi orientada pela Gabriella Zautih e, dois anos depois, ex-aluna e docente se juntaram para consolidar o artigo, divulgando-o na revista Transições, que integra a plataforma de publicações científicas da instituição.
“Após formatura, estudamos a possibilidade do trabalho se transformar em um artigo. Assim que a Gabriella soube da oportunidade, me falou e trabalhamos nele”, afirma Priscilla.
Por fazer parte da equipe editorial da revista, a docente logo pensou em apresentar o trabalho da ex-aluna para a equipe de avaliação da revista – já que em outra oportunidade de apresentação, o estudo se destacou positivamente.
“Já tínhamos apresentado o tema no VI Seminário de Pesquisa em Jornalismo Investigativo, da Abraji [Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo], que ocorre todos os anos em São Paulo. A partir da avaliação positiva e das sugestões, percebemos que poderíamos continuar com as análises e produzir um novo material para publicação”, explica Gabriella.
Resumo
O artigo apresenta dados da pesquisa sobre mortes de jornalistas em dois períodos históricos no Brasil: a Ditadura Militar (1964-1985) e a Nova República (de 1985 até os dias atuais). Foram analisados 65 casos de assassinatos, sendo 24 na época da ditadura e 41 na Nova República.
Os dados foram coletados e organizados em categorias. A coleta foi realizada nas instituições de classe jornalísticas e sites de março de 2018 a dezembro de 2019.
O recorte feito a partir dos dados da pesquisa traz histórias de oito jornalistas. Quatro deles foram mortos no período da ditadura – dois deles ligados ao Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e as únicas duas mulheres da amostra.
No período democrático, são apresentados quatro profissionais mortos que trabalhavam para grandes veículos de comunicação de grande alcance.
O estudo está disponível na edição on-line da revista Transições.
Importância
Segundo a organização Repórteres Sem Fronteira, em 2016, o Brasil foi considerado o 4º país mais perigoso para jornalistas da América Latina.
Tendo em vista essas estatísticas, a docente ressalta que o estudo é de extrema relevância tanto para os profissionais que atuam na área quanto para a população brasileira.
“A pesquisa traz a discussão da liberdade de imprensa e do quanto a profissão torna os jornalistas vulneráveis e vítimas da impunidade. É uma chance de trazer estas histórias e refletir sobre a segurança e a importância do trabalho dessa profissão para a democracia”, comenta.
Para Priscilla, o tema é fundamental para elucidar a perseguição que alguns jornalistas sofrem, apesar da democracia em vigor.
“Claro que não se faz comparação ao tipo de perseguição da época da ditadura, mas mostramos como diferentes tipos de situações tentam, e as vezes conseguem, parar o trabalho de um jornalista”, diz.
Na opinião do editor da revista, Felipe Narita, o estudo dialoga com temas que vêm sendo amplamente discutidos na atualidade e, por isso, se torna imprescindível.
“O texto da Priscilla Figueiredo e da Gabriella Zauith indica ótimas interfaces com a história política recente do Brasil e trata de um assunto importantíssimo”, ressalta.
Sensação
Tanto para a docente quanto para a ex-aluna, a sensação de ver o estudo publicado na revista científica da instituição é de conquista.
“A coleta de dados foi muito demorada, fruto de uma pesquisa com muitos detalhes e apuração das informações. Isso mostra que a produção científica dos alunos no TCC não precisa ser restrita e depositada apenas na biblioteca, podendo render frutos e ser publicada em diversas plataformas”, ressalta Gabriella.
Para a ex-aluna, a sensação não é diferente. “É uma satisfação ter o artigo publicado para dividir com as pessoas um pouco do que pude trabalhar, aprender e expor”, finaliza.