Pesquisadores brasileiros vão avaliar a efetividade das vacinas contra covid-19 em Ribeirão Preto, ou seja, pretendem analisar como os imunizantes impactaram para reduzir a incidência de contágios por coronavírus na cidade. A estimativa é que participem 2.400 moradores maiores de 18 anos que apresentaram sintomas respiratórios e foram atendidos em alguma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município.
O grupo de pesquisadores entrará em contato no telefone fornecido durante o atendimento e terá a possibilidade de aceitar ou recusar a participação. Será avaliada a efetividade das vacinas Coronavac/Butantan/ Sinovac e AstraZeneca/Fiocruz/ Oxford, em uso contra a covid-19 na população da cidade.
Entrevistas
Os pesquisadores estimam que esses 2.400 moradores sejam entrevistados por telefone ou presencialmente. Deste total, 1.800 devem ter tomado a vacina produzida pelo Instituto Butantan e 600 a fabricada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Cerca de 300 pessoas já foram ouvidas nas portas das UPAs desde setembro do ano passado.
Além disso, algumas visitas serão feitas nas casas dos participantes, mas todos os profissionais estarão identificados com crachás, camisetas do projeto e carros personalizados. Não haverá novos testes ou consultas médicas. As informações serão colhidas, apenas, por meio de entrevistas.
Sigilo
Todos os dados dos voluntários serão mantidos em sigilo pelos pesquisadores. A expectativa é que em quatro meses a pesquisa de campo seja finalizada, para que, depois, iniciem-se os trabalhos de análise dos dados. Os primeiros resultados preliminares devem ser divulgados ainda no primeiro semestre.
O estudo será realizado pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) e pelo Instituto de Medicina Tropical, ambos da Universidade de São Paulo (USP); Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo; pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo; pelo Centro de Estudos Augusto Leopoldo Ayrosa Galvão (Cealag); e pela Secretaria Municipal de Saúde de Ribeirão Preto com financiamento do Magazine Luiza.
Eficácia
“A eficácia é calculada em estudos clínicos, comparando um grupo de voluntários que receberam a vacina com outro grupo que recebeu um placebo, em condições ideais. A efetividade, por sua vez, mostra se a vacina funciona bem ou não em condições reais fora de um estudo clínico, e só pode ser calculada após o início da vacinação da população”, explica o professor Edson Zangiacomi Martinez, da FMRP, e um dos coordenadores do trabalho na cidade.
“Se a pessoa disser que não quer participar, sua decisão será respeitada e nenhum de seus dados serão usados. Se aceitar, não passará por nenhum tipo de exame e apenas responderá perguntas sobre a vacinação e os sintomas e complicações relacionados à covid-19 e, quando os resultados da pesquisa forem divulgados, nenhuma pessoa participante será identificada, de forma que a participação é confidencial”, esclarece.
Dúvidas
Dúvidas sobre a pesquisa poderão ser tiradas pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone (16) 3602-2569. O secretário da Saúde de Ribeirão Preto, José Carlos Moura, explica que o estudo vai ampliar o conhecimento e entendimento do impacto das vacinas na população da cidade e norteará melhor o controle da doença.
“As respostas obtidas a partir desse estudo trarão, para a Secretaria da Saúde, informações e subsídios científicos importantes que conduzirão melhor o combate à pandemia em Ribeirão Preto”. A efetividade é o impacto dos imunizantes em condições reais, ou seja, no dia a dia. É um estudo diferente da eficácia, que compara, em laboratório, um grupo que recebeu vacina com outro grupo que recebeu placebo.
O objetivo é descobrir como as vacinas atuaram na redução de casos de coronavírus na cidade e de outros índices, como mortes e internações, segundo Paulo Carrara, médico da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Além de Ribeirão Preto, o estudo ocorre em Campinas (SP), Araraquara (SP) e Brasília (DF).
Vacinação
Segundo o “Vacinômetro”, ferramenta digital desenvolvida pela Secretaria de Comunicação em parceria com a Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp), até as 16h30 desta sexta-feira, 25 de fevereiro, Ribeirão Preto havia aplicado 1.484.954 doses de vacinas contra a covid-19.
De acordo com a plataforma, 599.863 pessoas haviam recebido a primeira carga, 531.890 a segunda, 332.474 a de reforço e 20.727, a dose única. Nesta sexta-feira, a Secretaria Municipal da Saúde também divulgou balanço sobre a vacinação na cidade.
A cobertura vacinal contra a covid-19 em Ribeirão Preto era de 89% da população com a primeira dose (incluindo as crianças de 5 a 11 anos, totalizando 622.023) e 76% com a segunda (530.855). Outros 61% dos ribeirão-pretanos receberam a terceira carga (329.784).
Com o início da vacinação infantil, o público-alvo subiu de 646.326 para 702.573 pessoas, 56.247 a mais. Ribeirão Preto recebeu mais 20.000 doses de vacinas contra a covid-19 no dia 10 de fevereiro. O número de doses enviadas para a cidade saltou de 1.649.833 unidades para 1.669.833.