Há bastante tempo, um pesquisador realizou um extenso estudo em documentos antigos da cidade de Ribeirão Preto, quando apurou que um número sugestivo de mortes, ocorridas no passado, tinha como causa uma qualificadora desconhecida: “estrebuche”. Tratava-se do retrato de uma época.
Possivelmente os escreventes de então, desconhecendo suficientemente a cultura médica, estenderam a todos que morriam “estrebuchando” a qualificadora de “estrebuche” como causa de seus derradeiros suspiros.
O retrato dos documentos (possivelmente não esses) era da lavra do Padre Euclides, antigo vigário da cidade, responsável pela realização de trabalhos que eternizaram sua memória, como a instalação da sua principal biblioteca e uma casa de amparo aos idosos que já ultrapassa os limites temporais.
Tive a oportunidade de examinar uma coleção de seus documentos. De tempo em tempo, corria toda a região batizando e casando pessoas, inclusive na zona rural. Anotava os dados que eram repassados ao cartório que tinha neles a sua principal fonte de informações.
Examinando sua documentação realizada em Sarandi, hoje Jurucê, percebe-se que crianças da família Weiss, vindas da Áustria, eram registradas ora como Weiss, ora como Vaz. Tanto quanto possível realizou-se um acerto de registro.
Uma extensa família de origem arábica passou a se chamar Correia, provavelmente estampando o mesmo critério aplicado aos austríacos.
O dr. Ademar Gomes da Silva, o primeiro Juiz de Direito de Altinópolis, narrou-me que encontrou, num velho processo, uma “causa mortis” surpreendente. O documento informava que o falecido havia morrido porque “reagiu à captura”. Qual seria o texto que melhor revelaria a realidade da sua morte? Reagiu à captura? Ou hemorragia interna?
Os homens não conseguem mergulhar no mistério contido nas palavras ou na linguagem das palavras. Eis um grande mistério.