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Estelionato e lavagem de dinheiro – Gaeco explica prisão de casal

Segundo o Gaeco, a organização criminosa era especializada em forjar empréstimos consignados não autorizados por aposentados e pensionistas no Instituto Nacional do Seguro Social

Fotos: X Tudo Ribeirão

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) divulgou nota nesta sexta-feira, 18 de março, para explicar os motivos que levaram o Ministério Público de São Paulo (MPSP) a lançar a Operação Atratus, resultando na prisão da influenciadora digital Ana Paula Ferreira e do marido dela, Maick Gomes. Eles foram presos preventivamente na manhã de quinta-feira (17) por suspeita de estelionato e lavagem de dinheiro.

O casal foi detido em um condomínio de luxo em Bonfim Paulista, distrito de Ribeirão Preto, na Zona Sul da cidade. Além disso, também foram cumpridos mandados de busca e apreensão nas salas da Wowe, empresa em que Ana Paula é CEO, localizada na avenida Independência, no Jardim Califórnia, na mesma região. A operação foi inaugurada já com denúncia oferecida pelo MP contra nove investigados, que responderão pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Segundo o Gaeco, a organização criminosa era especializada em forjar empréstimos consignados não autorizados por aposentados e pensionistas no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), com prejuízo estimado em mais de R$ 110 milhões em contratos fraudulentos. Diz que o grupo estruturou uma rede de calls centers e correspondentes bancários para montar propostas de crédito consignado, porém sem o conhecimento ou induzindo a erro segurados da Previdência Social.

A contrapartida dessa intermediação fraudulenta era o recebimento milionário de comissões, pagas pelas instituições financeiras credoras, que podem chegar em 6% do valor do empréstimo. “Não há provas, por ora, de que os bancos tinham conhecimento dessas práticas ou que compactuavam com essas fraudes”, diz o Gaeco no comunicado.

Uma das providências para o esquema foi levantar a identificação de pensionistas e aposentados e seus registros pessoais, contendo informações sigilosas, necessárias para formalização da proposta do empréstimo. Tudo indica que esses dados foram obtidos por vias ilegítimas, seja por vazamento interno dos arquivos oficiais do INSS ou por invasão remota de sistemas (via hackers).

Para dimensionar o esquema criminoso, as investigações conseguiram detectar que, em menos de um ano, de agosto de 2020 a março de 2021, a organização conseguiu obter registros oficiais do INSS dados de mais de 360 mil beneficiários, que possivelmente foram utilizados para forjar as propostas de empréstimos consignados.

Com a obtenção de dados confidenciais de assegurados, o grupo adotou diversos métodos fraudulentos, como falsificação de assinaturas, multiplicidade de empréstimos numa única vítima, falsa identidade de agentes bancários em teleatendimentos, edição de áudios e registros de reclamações de devedores lesados e até adulteração de fotos de clientes para montar propostas.

Esse grupo de Ribeirão Preto, analisando suas movimentações bancárias, recebeu, em apenas um ano, mais de R$ 13 milhões em comissões como contrapartida da montagem das propostas de empréstimo. No total, foram expedidos dez mandados de busca e duas prisões preventivas, cumpridos em Ribeirão Preto, Pindamonhangaba (SP), Curitiba (PR) e Florianópolis (SC).

A pedido do Gaeco, o juízo da 2ª Vara Criminal de Ribeirão Preto determinou o bloqueio de bens avaliados em R$ 114 milhões dos investigados e empresas usadas nos esquemas, o sequestro de quatro imóveis, cinco veículos importados e de aplicações financeiras. Na posse de um dos investigados foram apreendidos mais de R$ 651 mil em dinheiro vivo. Também foi determinada a suspensão das atividades das empresas e dos contratos ativos de empréstimos.

O caso está sendo investigado pela Polícia Civil. Um representante da 12ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) acompanha o caso para garantir as prerrogativas do advogado Maick Gomes. Ainda na quinta-feira, a influenciadora Ana Paula Ferreira foi encaminhada até a Penitenciária Feminina de Guariba, na região metropolitana, enquanto o marido Maick Gomes foi transferido para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Ribeirão Preto.

Defesa nega crime: casal bomba nas redes sociais
Conhecida como Ana Pink, a empresária promoveu uma live com personalidades da música, no último dia 7 de março, anunciando investimentos de aproximadamente de R$ 1 milhão. O evento contou com a presença da eterna loira do É o Tchan!, Sheila Mello, também influencer com 5,4 milhões de seguidores, live show por conta da cantora Vanessa Jackson, vencedora da primeira edição do programa “Fama”, da Rede Globo, e a apresentação foi de Anderson Nogueira, referência nacional em marketing e publicidade.

Já Maick Gomes aparece nas redes sociais posando ao lado de motos e carros de luxo. Uma arma legalmente registrada foi apreendida na residência dos suspeitos, em Alphaville 2, um condomínio de luxo em Bonfim Paulista. Ao contrário da prisão temporária, a preventiva não possui prazo máximo disposto em lei e pode ser decretada tanto na fase de investigação quando na de processo. O advogado Wagner Simões, que defende o casal, nega as acusações e disse que vai pedir a soltura dos dois.

Em nota divulgada em suas redes sociais, o Ana Pink Group, pertencente aos empresários, informou que está à disposição das autoridades, que vai tomar providências em relação a comentários que possam prejudicar a imagem da empresa e de seus gestores, que todos os fatos serão esclarecidos e que trabalha em função dos clientes. “A nossa empresa trabalha em função do nosso cliente, e iremos honrar sempre o nome dela bem como de nossos gestores, que sempre fizeram o melhor para todos ao setor”, comunicou.

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