Tribuna Ribeirão
Saúde

Estado de SP seguirá vacinando adolescentes

Foto: Guilherme Sircili

O governo de São Paulo manteve a posição expressa na tarde desta quinta-feira, 16 de setembro, de que continuaria com a vacinação contra a co­vid-19 de adolescentes de 12 a 17 anos, mesmo após o minis­tro da Saúde, Marcelo Queiro­ga, recomendar o contrário.

A Secretaria da Saúde de Ribeirão Preto seguirá as re­comendações do governo paulista. De acordo com da­dos divulgados pelo governa­dor João Doria (PSDB), cerca de 72% dos adolescentes pau­listas foram vacinados, e a re­comendação de suspender a aplicação do imunizante cau­sa “apreensão e insegurança em milhões de adolescentes e suas famílias”.

Notas reforçando a posição do governador paulista foram sendo divulgadas ao longo da tarde. Iguais em conteúdo, os comunicados adicionavam pe­quenas informações à postura adotada pela gestão paulista. Na primeira, antes das falas de Queiroga em coletiva, o governo declarava apenas que a decisão do ministério ia na “contramão de autoridades sa­nitárias de outros países”.

Mais tarde, após coletiva de imprensa onde o ministro reforçou o pedido para que fosse interrompida a vacina­ção de adolescentes, o governo repetiu a nota adicionando a informação de que decisão também ia “na contramão da orientação do Conselho Na­cional de Secretários Estadu­ais de Saúde (Conass)”.

Também foi adicionada a informação de que a aplicação das vacinas em adolescentes se­guia a recomendação do Comitê Científico do Estado. Em nota emitida pelo Ministério da Saú­de, foi recomendada a suspen­são da aplicação das vacinas aos adolescentes sem comorbidades que, pelo calendário nacional, teria início na quarta-feira (15).

De acordo com o órgão, a revisão prevê que a imuni­zação prossiga apenas para adolescentes que apresentem deficiência permanente, co­morbidades ou que estejam privados de liberdade. Na jus­tificativa, a pasta aponta, entre outros fatores, que a Organiza­ção Mundial de Saúde (OMS) não recomenda a imunização de crianças e adolescentes, com ou sem comorbidades.

Diz ainda que a maioria dos adolescentes sem comor­bidades acometidos pela do­ença apresentam evolução be­nigna da covid-19. Na verdade, não há orientação contrária da entidade internacional para a vacinação dessa faixa etária.

A recomendação da OMS é para que os menores de idade só sejam imunizados depois que todas as pessoas dos gru­pos de maior risco estejam vacinadas. O uso da vacina da Pfizer/BioNTech nesta fai­xa etária foi autorizado pela Agência Nacional de Vigilân­cia Sanitária (Anvisa).

Marcelo Queiroga falou em falta de “evidências cientí­ficas sólidas” e citou um caso de óbito de adolescente após receber o imunizante. Em se­guida, ponderou a falta de re­lação causal comprovada entre a morte e a vacina.Já a Anvisa manteve a aprovação da vacina contra covid-19 da Pfizer para adolescentes de 12 a 17 anos.

A informação consta em boletim emitido pelo órgão na noite desta quinta-feira. “Com os dados disponíveis até o mo­mento, não existem evidências que subsidiem ou demandem alterações da bula aprovada, destacadamente, quanto à in­dicação de uso da vacina da Pfizer na população entre 12 e 17 anos”, diz a Anvisa.

A agência cita ainda a li­beração do imunizante para a mesma faixa etária em países como Estados Unidos, Reino Unido e também na União Eu­ropeia. “Benefícios da vacina­ção excedem significativamen­te os seus potenciais riscos”, lembra o órgão.

Em nota, a Anvisa esclarece que a liberação do imunizante da Pfizer para adolescentes se deu após a apresentação de estu­dos de fase três com dados de se­gurança e eficácia e, ainda, refor­çou a falta de informações sobre o óbito citado por Queiroga. “No momento, não há uma relação causal definida entre este caso e a administração da vacina”.

Diz ainda que “os dados recebidos ainda são prelimi­nares e necessitam de aprofun­damento para confirmar ou descartar a relação causal com a vacina”, diz a agência. “Todas as vacinas autorizadas e distri­buídas no Brasil estão sendo monitoradas continuamente pela vigilância diária das noti­ficações de suspeitas de even­tos adversos”, acrescenta.

À noite, Queiroga afirmou que partiu do presidente Jair Bolsonaro a orientação para rever a vacinação de adoles­centes no país. “O que o Mi­nistério da Saúde fez? Na nota técnica 40 da Secovid, retirou os adolescentes sem comorbi­dades. O senhor tem conver­sado comigo sobre esse tema”, disse o ministro ao lado do presidente, na transmissão se­manal ao vivo nas redes sociais feita pelo chefe do Planalto.

“Nós fizemos uma revisão detalhada no banco de dados do DataSUS”, emendou. “A mi­nha conversa com o Queiroga não é uma imposição. Eu levo para ele o meu sentimento, o que eu leio, o que eu vejo, o que chega ao meu conhecimento”, acrescentou Bolsonaro.

AstraZeneca
Queiroga também anun­ciou nesta quinta-feira o re­cuo da pasta com relação ao intervalo entre a primeira e a segunda dose da vacina As­traZeneca, contra covid-19. Após reduzir o intervalo da aplicação entre as doses do imunizante de doze para oito semanas, o ministro informou que, devido à falta da vacina, o MS decidiu manter o intervalo maior, em doze semanas.

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