O governo paulista informou, nesta quarta-feira, 4 de setembro, que vai ampliar o enfrentamento às queimadas em São Paulo em parceria com a iniciativa privada, sobretudo com entidades do setor sucroalcooleiro, de energia elétrica, de gás, água e concessionárias de rodovias. Segundo nota da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado divulgada ontem, em reunião emergencial realizada na terça-feira (3), essas entidades ofereceram suas estruturas de monitoramento e combate ao fogo.
“A cooperação será intensificada nos próximos dias com a integração das empresas ao Plano de Contingência montado na operação SP Sem Fogo”, diz a pasta. As usinas ligadas à União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), por exemplo, contam com dez mil brigadistas e dois mil caminhões-pipa disponíveis para combater incêndios nos canaviais.
Já a Florestar, especializada no setor de inteligência em segurança patrimonial, ofereceu um trabalho em conjunto com o governo para o monitoramento de Unidades de Conservação afetadas pelas chamas. As concessionárias de rodovias, por sua vez, colaborarão prestando serviços de informação à população sobre, por exemplo, áreas interditadas por causa da fumaça.
Além disso, usarão o sistema de monitoramento via câmeras das rodovias para mapear novos focos de incêndio. A cooperação ocorre em momento de agravamento das condições climáticas favoráveis ao surgimento de incêndios, com o tempo extremamente seco, situação que deve se prolongar em quase todo o mês de setembro.
O número de focos de calor cresceu 386% entre janeiro e agosto deste ano na comparação com 2023. Além disso, cerca de 8.049 propriedades rurais foram afetadas pelos incêndios em 317 municípios, ressaltou a secretaria na nota. A seca persiste neste mês de setembro, o que resulta em piora no cenário de risco de incêndios.
A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) enviou ofício ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) no qual faz “um apelo urgente por medidas adicionais de apoio aos produtores rurais gravemente afetados pelos incêndios recentes no Estado”.
Segundo comunicado da Faesp, o documento reconhece as ações já tomadas pelo governo, como a criação de um gabinete de crise e a alocação de recursos financeiros, mas ressalta que a situação atual exige medidas mais abrangentes.
A Faesp destaca o impacto devastador dos incêndios, que já causaram prejuízos estimados em R$ 1 bilhão e atingiram mais de oito mil propriedades rurais em 317 municípios. Entre as medidas pedidas pela Faesp está a ampliação do estado de emergência (a Faesp pede que o estado de emergência seja expandido para além dos 45 municípios atualmente incluídos, considerando a extensão dos danos causados pelos incêndios).
Pede a suspensão de sanções (a federação solicita a suspensão de multas e sanções aplicadas por órgãos fiscalizadores aos produtores rurais cujas áreas foram atingidas pelos incêndios, visando aliviar o ônus financeiro sobre os agricultores) e diálogo e cooperação.
A Faesp propõe a criação de um espaço de diálogo entre o governo e o setor agropecuário para desenvolver soluções conjuntas para a recuperação das perdas e a implementação de medidas preventivas para lidar com a nova realidade climática.
Para o presidente da Faesp, Tirso Meirelles, algumas cadeias produtivas foram severamente prejudicadas pelos incêndios e milhares de famílias, que sobrevivem do que cultivam, estão sem conseguir vislumbrar um futuro no campo. Com a perda da plantação e do gado, além de financiamentos a pagar, temem não ter condição de continuar no campo.