O Canindé, estádio da Portuguesa, tem chance de se tornar também a casa de outros clubes no retorno do Campeonato Paulista. O local passa por uma grande reforma, principalmente no gramado, para receber equipes que não poderão atuar em seus domínios no retorno do Estadual, ainda sem data prevista.
A Federação Paulista de Futebol (FPF) informou à Lusa recentemente que o estádio é opção para outros times na capital. Pediu para deixar tudo preparado. Inclusive, ajudou a Lusa na repaginação do campo, com o envio de especialistas ao local. Um dos times que podem se beneficiar da utilização do Canindé é o Santo André. A equipe do ABC joga no Bruno José Daniel, mas seu campo tem sido utilizado pela prefeitura da cidade como hospital de campanha para vítimas da covid-19 e não há previsão de liberação.
O Estadão conversou com representantes de clubes e da federação. O time do ABC, por exemplo, vê o Canindé como a melhor opção no momento, mas ainda aguarda a data oficial do retorno do Paulistão para definir a situação. O estádio também pode receber jogos de times da capital e até do Santos.
Como as partidas serão disputadas com portões fechados, sem a presença de torcedores, alugar o Canindé pode ser mais interessante financeiramente do que abrir seus estádios. São Paulo, Corinthians, Palmeiras e Santos estudam a ideia. Há ainda um compromisso dos clubes de São Paulo de ajudar a Portuguesa a “renascer” no Estado.
“Nós já tínhamos o interesse em fazer a manutenção do nosso campo e dos vestiários, mas com o campeonato ficava mais complicado. A parada por causa da pandemia nos permitiu fazer isso. Hoje temos um gramado em condições plenas e os vestiários aptos para receber qualquer jogo de primeira divisão. Será um dos nossos pontos fortes na A2”, destacou Fernando Marchiori, técnico da Lusa. A escala dos jogos no Canindé será conhecida após definição da data do retorno do Estadual. A ideia é conciliar jogos da Lusa com os outros compromissos.
Fundada em 14 de agosto de 1920, a Portuguesa promete uma grande festa para celebrar o aniversário de 100 anos. O novo presidente do clube, Antônio Carlos Castanheira, assumiu o cargo no começo do ano e se orgulha por ter conseguido manter as contas em dia, sem demitir funcionários nem reduzir salário de jogadores durante a pandemia. Algo raro no futebol brasileiro e em especial na Lusa, que se afundou em dívidas nas últimas temporadas.
SOS Canindé
Com grave crise financeira, a Portuguesa precisou de ajuda de seus torcedores para se reerguer e conseguir reformar o estádio. Apaixonados pela Lusa criaram em 2017 o grupo SOS Canindé, que doa dinheiro e produtos para ajudar nas reformas e manutenção do estádio. A ideia foi criada por Artur Cabreira, que era um “torcedor comum” e, com a chegada da nova diretoria, no fim do ano passado, tornou-se diretor patrimonial do clube.
De 2017 até hoje, o grupo já investiu mais de R$ 500 mil em material e mão de obra para reformas, inclusive do gramado. “No começo do ano, o campo estava bem careca e fizemos um trabalho de revitalização com adubo. Contamos com a ajuda da FPF, que mandou engenheiros para nos orientar. O gramado tinha formiga, insetos… estava muito ruim”, lembra Artur.
O estádio também recebeu nova pintura, houve a troca de refletores – os times reclamavam que o campo ficava muito escuro à noite -, instalação de internet na sala de arbitragem e na sala do VAR, que foi criada, e a reforma nos vestiários.
“Quanto ao gramado, não paramos nem na pandemia. Sempre tinha um funcionário para jogar adubo, aparar e fazer todo o serviço. Se parasse, todo o trabalho poderia ser prejudicado”, explicou o dirigente e torcedor. Ele conta orgulhoso que o grupo conseguiu trocar até chuveiros e torneiras dos vestiários, além de instalar suporte para a colocação de potes de álcool em gel em diversos setores do estádio, como manda agora a saúde.