Ribeirão Preto registrou neste domingo, 18 de julho, a primeira morte em decorrência de picada de escorpião deste ano. A vítima é uma menina de três anos. Eliana Maiara de Souza Araújo morava com a família em uma comunidade entre as avenidas Caramuru e Luzitana, na divisa das zonas Sul e Oeste.
Na tarde de sexta-feira (16), segundo a mãe, a criança colocou a mão em um tijolo e passou a reclamar de dores no dedo esquerdo logo em seguida. A menina teve vômito e apresentou sudorese. Eliana Maiara foi levada à Unidade Básica Distrital de Saúde Doutor Marco Antônio Sahão, a UBDS da Vila Virgínia, e depois teve de ser transferida para o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (HC).
No entanto, o quadro de saúde piorou e ela morreu no início da noite de domingo. A menina foi sepultada no Cemitério Bom Pastor. Ribeirão Preto já registra 846 ocorrências envolvendo escorpiões entre 1º janeiro e 15 de julho deste ano, média de quatro ataques por dia, um a cada seis horas. Este número representa 48,2% do total de 2020, de 1.756 – quase cinco a cada 24 horas.
No ano passado, foram 357 casos a mais que os 1.399 de 2019 – quase quatro por dia –, alta de 25,5%. Na última década, entre 2011 e 2020, Ribeirão Preto registrou 5.183 ataques de escorpião, mais de um por dia. São 3.155 somente nos dois últimos anos, 60,9% do total. Entre 2009 e o último dia 15 de julho já são 5.581 ocorrências.
Os dados foram divulgados pela Divisão de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), com base no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan Net). Os dados anteriores a 2020 foram enviados ao Tribuna pela pasta no final de agosto do ano passado e não foram atualizados. A morte da menina de três anos ainda não foi contabilizada.
Nestes quase 13 anos, os escorpiões fizeram menos vítimas em 2014: foram 130 ataques – a quantidade de casos de 2020 é a mais alta da série, 13 vezes acima da mais baixa. Segundo a Divisão de Vigilância Epidemiológica, neste período houve dois óbitos na cidade. Uma menina de três anos morreu em 29 de março do ano passado, após ter sido picada por um escorpião em Ribeirão Preto.
O acidente ocorreu no dia 28, no Parque Industrial Tanquinho, bairro onde a criança residia. Ela participava de uma festa de aniversário na casa de vizinha, onde o ataque do aracnídeo ocorreu quando ela recolhia os brinquedos. Antes, a última morte por ataque de escorpião em Ribeirão Preto havia ocorrido em 1º de maio de 2018, no Jardim Salgado Filho, na Zona Norte. O menino João Victor Souza de Paula, de oito anos, foi ferido no pé pelo aracnídeo quando ajudava a tia a retirar o entulho de um terreno onde seria erguido um barraco. Ele morreu depois de sofrer paradas cardíacas decorrentes da ação do veneno.
A Divisão de Vigilância Epidemiológica do Departamento de Vigilância em Saúde informa que em todo caso de acidente com animal peçonhento a vítima deve procurar a unidade de saúde mais próxima para avaliação médica e, caso seja necessário, o posto deverá encaminhar o paciente ao HC para avaliação da toxicologia e necessidade de aplicação do soro antiescorpiônico, de acordo com a gravidade.
A população pode ajudar roçando o mato de os terrenos particulares e evitando o acúmulo de lixo e entulho. A espécie mais comum nas cidades é a “Tityus serrulatus”, conhecida como “escorpião amarelo”. Trata-se de um tipo urbano, frequentador de esgotos ou redes pluviais, e considerado o mais perigoso da América Latina. No caso de localizar escorpião em casa, a orientação é de que a Vigilância Ambiental em Saúde seja contatada, pelo telefone (16) 3628-2015.
Para não correr risco de morte, a pessoa tem de ser atendida em, no máximo, quatro horas. É preciso tomar soro contra o veneno e analgésico para aliviar a dor. A limpeza das residências é fundamental para evitar a proliferação do aracnídeo, já que escorpião gosta de lugar quente e escuro, tanto na área interna como externa, e tem hábitos noturnos. Ele sai à noite para procurar alimento, barata, grilo, cupim, animais vivos.
Explica ainda que o aracnídeo pode ficar até seis meses sem se alimentar, mas água é fundamental para sua sobrevivência. Por isso, com o início das chuvas o alerta deve ser ainda maior. As pessoas não devem levar as mãos diretamente nos objetos onde possam estar, como calçados. A fêmea do escorpião é autóctone – não precisa do macho para se reproduzir – e tem dois partos por ano, com 20 filhotes em cada. Os escorpiões podem subir em camas também.
O balanço dos ataques em RP
Ataques em 2009 – 249
Ataques em 2010 – 149
Ataques em 2011 – 139
Ataques em 2012 – 158
Ataques em 2013 – 144
Ataques em 2014 – 130
Ataques em 2015 – 270
Ataques em 2016 – 240
Ataques em 2017 – 145
Ataques em 2018 – 802
Ataques em 2019 – 1.399
Ataques em 2020 – 1.756
Ataques em 2021 – 846
* Total de ataques: 5.581
* Até 15 de julho
Fonte: Sinan Net e Divisão de Vigilância Epidemiológica