Escolas particulares de São Paulo enviaram carta ao governo pedindo que os professores e alunos sejam priorizados na liberação total das máscaras no estado. Citando estudos científicos, o documento diz que “o uso prolongado de máscaras em escolas inviabiliza trocas importantes entre os alunos e destes com os seus professores e traz prejuízos no desenvolvimento sócio-emocional infantil”.
A carta é assinada pelo presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (Sieeesp), Benjamin Ribeiro da Silva, e pela Organização Paulista de Escolas Particulares (Opep), que representam juntos cerca de dez mil escolas paulistas. Ribeirão Preto tem aproximadamente 300 unidades particulares vinculadas às entidades, 3% do total.
“Quem está sentindo o impacto dos protocolos na sala de aula com as crianças somos nós. As escolas não podem ficar só esperando o que lhes é imposto”, diz a representante da Opep e diretora da Senses Montessori School, Mariana Ruske Arantes Pereira. Segundo ela, a ideia é pedir que os ambientes escolares sejam os primeiros a serem liberados das máscaras quando o cenário epidemiológico permitir, caso o governo tenha que fazer escolhas sobre priorização.
“O quanto antes for possível retirar a máscara das crianças, melhor, mesmo que isso custe que os adultos sigam usando mais um tempo”, explica. Nesta terça-feira, 15 de março, a carta seria entregue em mãos ao secretário estadual da Educação, Rossieli Soares. Foi ainda encaminhada aos gabinetes do governador João Doria (PSDB) e do secretário de saúde, Jean Carlo Gorinchteyn.
Na semana passada, Doria anunciou a liberação das máscaras em ambientes abertos, o que incluiu pátios e quadras esportivas das escolas. Mas a negociação para que as escolas também flexibilizassem os protocolos não foi fácil. Havia membros do comitê de especialistas que assessoram o governo que acreditavam que ainda seria arriscado porque só cerca de 20% das crianças tomou a segunda dose.
A carta diz que “a educação não se restringe apenas a troca de conteúdo, mas envolve também a troca de experiências. É desenvolvimento humano, socialização, autoconhecimento”, prejudicados pelo rosto coberto. Cita ainda que “habilidades linguísticas e fonoarticulatórias, competências de comunicação e todos os demais processos e habilidades de socialização são diretamente impactados, justamente no período mais sensível de sua formação”.
Na semana passada, Doria também disse que liberaria totalmente as máscaras no estado em cerca de dez dias se os indicadores de casos, internações e mortes continuassem a cair. O grupo, no entanto, teme que a desobrigação nas escolas possa ser protelada depois da polêmica em torno dos espaços abertos. Mesmo com a liberação na quarta-feira passada há escolas particulares que ainda não retiraram as máscaras.
Elas enfrentam resistência de pais ou professores que temem a transmissão. Muitas argumentam que não têm ainda a totalidade de seus alunos com esquema de vacinação completo. Segundo os últimos números do Estado, houve queda de 42,2% nos casos de covid ao longo da última semana e de 54% nos últimos 30 dias. As internações pelo coronavírus também caíram 28,5% e 76,6% nos mesmos períodos, enquanto os óbitos relacionados à doença diminuíram 56% no último mês.