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Escolas da bitola estreita 

“É na sala de aula que se forma o cidadão,
É na sala de sala que se muda uma nação …”
(Leci Brandão – Os Anjos da Guarda)

Feres Sabino *
advogadoferessabino.wordpress.com

O Brasil está querendo fechar o beco da racionalidade, da inovação, do avanço científico, da tecnologia digital da formação humana, inventando a multiplicação de escolas cívico-militares, que devem ser chamadas de escolas da bitola estreita.

Houve quem dissesse que elas seguramente garantiriam o surgimento de um ou mais golpista, autoritário, pretensioso, salvador, cuja hipótese ilustra bem o tamanho da desgraça que o futuro nos reservaria, como consequência de nossa atuação covarde.

A liberdade de expressão, que tem limites no respeito às pessoas e às instituições, não pode ser garroteada por um espírito de frente unida, disciplinada para obedecer pessoas despreparadas na gestão de pessoas, e que escondem sobre o vozerio autoritário a fraqueza de não saber e não poder pela estreiteza da bitola fomentar os espíritos daqueles jovens,  o criativo silencio da explosão do encontro com o novo, a abstração das invenções, num ambiente de convívio democrático, que pressupõe diferenças.

O crescimento da pessoa como patriota, democrata, criativa, amante de seu país, e defensora dele, não passa pelo trilho da bitola estreita da educação.

A rigor os democratas e os patriotas devem recuperar a dignidade da Escola Pública, com recursos adequados ao melhor trabalho, pagando seus professores ao invés de abrir frente de trabalho para quem não é do ramo, neste Brasil que precisa de teóricos de sua realidade objetiva, para alcançar sua redenção e sua soberania.

Não é possível admitir escola cívico militar para dar trabalho e renda suplementar para quem esteja na reserva. Há muitas outras frentes de trabalho para que eles, dignamente, aproveitem sua experiência, sem causar danos, como por exemplo à frente da segurança pública.  E o Rio de Janeiro está precisando desvendar seu enigma de criminalidade expansiva.

Nossas Instituições precisam ser invadidas pela teoria e pela prática democráticas, superando os dogmas ideológicos que alimentam a mediocridade nacional, colocando-nos aos pés de interesses geopolíticos e econômicos que ferem a real necessidade da população.

A Escola Pública, prestigiada com recursos necessários e professores estimulados e valorizados como devem sê-lo, pois são eles os “Anjos da Guarda” das gerações que despertam. Essa escola acontecida se afigura como exemplo de espaço democrático, que tanta riqueza ofereceu ao país, é nele que as crianças se socializam na relação com diferentes. A Escola que deveria ser a prioridade das políticas educacionais, que não pressupõem espírito de mercadores naqueles que são responsáveis por elas.

O Brasil com sua herança escravocrata sempre se apresenta como eterna promessa. E os alienados a repetem, admirando com seus olhares fixos, o estrangeiro rico e imperial.

* Procurador-geral do Estado no governo de André Franco Montoro e membro da Academia Ribeirãopretana de Letras 

 

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