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Escola sem sentido

O professor, pedagogo e filosofo Paulo Freire afirmava que: “A educação sozinha não transforma a sociedade, e sem ela tampouco a sociedade muda”. Essa frase do grande mestre nos mostra que tudo esbarra na educação, e que a educação básica é a porta para a cidadania, principalmente a educação infantil e o ensino fundamental.

A formação do cidadão consciente e autônomo acontece até o nono ano do ensino fundamental, pois se a formação não acorrer nesta fase tampouco acontecerá nas fases se­guintes. No entanto ainda percebemos no ambiente escolar a velha dicotomia entre a educação informal e formal, que não permite que se alcance a qualidade esperada por todos.

Discute-se muito a ineficiência do ensino remoto nas re­des públicas, no entanto não citam que tudo é reflexo de um ensino presencial precário. Se lermos todos os documentos e relatórios que as secretarias de educação apresentam, nota­mos que estamos no Paraíso, e tudo funciona as mil mara­vilhas, que não temos problemas com a aprendizagem dos educandos, e a inclusão é uma das melhores do mundo, que não temos problemas com a evasão escolar e a repetência – só que a realidade desnuda todo o sofisma que as autoridades nos impingem.

Discute-se muito o uso das tecnologias como sendo uma das ferramentas essenciais para alcançarmos a qualidade desejada, mas o modelo de sala de aula criada no século 19 permanece resistindo bravamente em nossos dias. Acontece que esse modelo confinador e repressivo, entrou em choque com os educandos nascidos no século 21, que não aceitam mais o sim senhor, não senhor, e que não veem na escola sentido para as suas vidas.

O confinamento como modelo pedagógico perdeu total­mente sua eficácia já faz tempo, no entanto não se consegue mudar. Fala-se muito na formação do professor do século 21, e na formação continuada, mas o comportamento na sala de aula é o mesmo de décadas passadas. Por que será que não se muda isso?

Mesmo com a depreciação violenta que a educação básica sofre ao longo do tempo, com políticas impostas pelos gover­nantes, ainda há abnegados que resistem e tentam iluminar os caminhos dos educandos, e esse trabalho, mesmo sendo ínfimo incomoda o andar de cima, pois as ideias atravessam os oceanos, não podem ser represadas nem queimadas, e para combatê-las exercem todo o seu poderio, pois não gostam de gente pobre, a não ser para servi-los.

A educação básica brasileira precisa se libertar das cor­rentes opressoras e dar o grito de independência, temos as melhores leis e os melhores teóricos do mundo, mas não conseguimos tirar do papel, e colocar no chão da escola. Se já não bastassem todas as nossas agruras, que se arrastam por séculos, essa educação combalida ainda sofre os ataques virulentos de uma elite branca e escravocrata, que impõe suas ideologias ancoradas no império do norte, não permitindo aos pobres o direito inalienável a uma educação libertadora.

A volta das aulas após a pandemia, não pode mais utilizar o mesmo modelo que temos hoje. O que estamos passando hoje no Brasil mostra que a educação não formou cidadãos.

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