Outros estudos, que investigaram a proporção da variância que pode ser atribuída à freqüência universitária, e como esta afeta a inteligência, também foram realizados por especialistas na área. Num destes estudos, foi obtida, nos EUA, uma amostra de estudantes que haviam se submetido a exames vestibulares conhecidos como SAT, equivalentes ao nosso ENEM, quatro a cinco anos após terem sido admitidos na escola. Os pesquisadores perceberam, então, que o exame de matemática de ambos os testes (SAT e Exame de Admissão) foi o mais fortemente relacionado à instrução, de modo que as provas de matemática de cada teste lhes permitiram verificar o efeito máximo que poderia ser mensurado entre escolas. No total, as análises foram efetuadas sobre 7.954 estudantes de 292 instituições, sendo que cada instituição contribuiu, em média, com 27 estudantes.
Os autores, então, foram hábeis em mostrar que 93% da variância nos exames de matemática decorriam das características dos estudantes. O que isso significa? Isto significa que apenas 7% da variância no desempenho escolástico podem ser atribuídos à instituição que eles freqüentaram. Portanto, diferença na qualidade institucional do ensino não explicou mais que 7% da variância. O que é mesmo mais fascinante é que este estudo indica que, na realidade, não importa qual universidade um estudante freqüenta, mas, sim, que é a habilidade do estudante o mais relevante.
Tal conclusão parece contra-intuitiva, ou seja, se não importa qual universidade um estudante freqüenta, por que os estudantes lutam para entrar nas melhores instituições de ensino? Uma sugestão pode ser que os melhores salários são beneficiados aos estudantes oriundos de melhores universidades. Todavia, outras análises têm revelado que esta conclusão não é totalmente verdadeira, exceto, talvez, para os estudantes de baixa renda, pois o que importa mesmo são as características pessoais dos estudantes, particularmente do seu nível de habilidade cognitiva, ou seja, do seu nível de inteligência.
Outro conjunto de estudos, que estimou a quantidade de variância associada com diferenças nos professores, examinou dois irmãos gêmeos. O que encontrou? Que há diferenças na filosofia tanto dos pais quanto das escolas sobre como os gêmeos devem ser tratados. Em alguns lugares, pessoas colocam ambos os gêmeos na mesma classe, enquanto em outros, pessoas entendem que eles devem ser colocados em classes diferentes. Um exemplo? Um interessante estudo usou o desempenho literário para determinar as diferenças entre gêmeos que estavam na mesma ou em diferentes classes. Os gêmeos de mesma classe tiveram pontuações que foram mais altamente correlacionadas do que os gêmeos que ficaram em diferentes classes. Baseados nas correlações estabelecidas entre a classe idêntica e as classes diferentes, estudiosos estimaram que não mais que 8% da variância no desempenho literário pode ser atribuído ao fato de terem diferentes professores.
Nas duas últimas décadas, inúmeros outros estudos, baseando-se nos mesmos princípios correlacionais acima mencionados, têm examinado a variância escolar associada com as escolas. Tomados em conjunto, os dados têm sido fortemente conclusivos em revelar que o efeito das escolas sobre o desempenho escolástico tem variado de 2 a 10% da variância total. Importante, então, é que estas estimativas determinam um limite superior sobre a proporção da variância que o efeito dos professores pode explicar. Em adição, essas estimativas são consistentes não apenas nas escolas de ensino fundamental e médio e, também, entre universitários.
Tomados juntos, esses variados mostram que, dentre as variáveis pertencentes ao domínio escola, especificamente a variável professor nunca excede o valor de 7% dentre a amplitude máxima de 10% atribuível à escola. A proporção restante, cerca de 90%, deve-se às características dos estudantes.