Para demonstrar a contribuição dos professores para o desempenho acadêmico, sumariaremos alguns estudos relevantes sobre o assunto. O primeiro deles é conhecido como o Relatório Coleman. Notável sociólogo, seu autor, James Coleman, dirigiu uma equipe de proeminentes pesquisadores que obtiveram dados de estudantes da 1ª, 3ª, 6ª, 9ª e 12ª séries de quatro mil escolas públicas, perfazendo um total de 645 mil estudantes. Os dados incluíam levantamentos acerca das escolas e de seus estudantes, bem como, dos testes de habilidades e desempenho escolásticos. Extensivos, os dados também contemplaram análise separada para diretores, professores e estudantes das escolas.
Os resultados desse estudo foram surpreendentes para os pesquisadores e para os que encomendaram o estudo. Por exemplo, foi encontrado que uma pequena parte da variância (de 10 a 20%) no desempenho educacional foi devido às escolas, com a maior parte decorrendo das características dos estudantes, as quais explicavam de 80 a 90% da variância total. A proporção da variância atribuível às escolas tendo diminuído nas séries mais elevadas. Ademais, a qualidade dos professores explicava aproximadamente 1% da variância total no desempenho educacional.
A maneira que os pesquisadores enquadraram suas conclusões foi a de considerar a maioria da variação no desempenho acadêmico ser encontrada dentro das escolas e muito pouco entre escolas. Em outras palavras, muito da variação estava entre estudantes na escola, tendo pouco a ver com as diferenças entre escolas.
Ao longo dos últimos cinquenta anos, muitas revisões dos resultados do Relatório Coleman têm suportado suas principais conclusões. Muitos desses estudos examinaram não só os dados originais de Coleman como outros a ele relacionados, concluindo fortemente que a maior proporção da variância devia-se aos estudantes e não às escolas. Importa notar, também, que estes mesmos pesquisadores têm indicado implicitamente que os efeitos dos professores sobre o desempenho escolar não podem ser maiores do que a variância associada com escolas, ficando, portanto, menos que 10%.
Outros estudos similares ao de Coleman, por sua vez, incluíram dados dos países em desenvolvimento, mas os resultados obtidos foram extremamente similares, indicando que a amplitude dos efeitos das escolas situa-se geralmente entre 10 a 40%, de modo que a variância associada aos estudantes sempre explica a maior parte da variância mesmo nas escolas mais pobres.
Também, o Experimento de Varsóvia, na Polônia, tentou responder o quão pequena podia ser a variância atribuível às escolas, questão, esta, que foi parcialmente respondida por um sensível experimento natural. Durante a Segunda Guerra Mundial, a cidade de Varsóvia foi completamente destruída. Após a Guerra, Varsóvia ficou sobre o controle do governo comunista, que decidiu que poderia designar aleatoriamente os moradores à parte reconstruída da cidade para evitar segregação social. O governo municipal sentia, então, que tal atitude poderia eliminar as diferenças no desenvolvimento cognitivo associados à segregação social.
Dos estudantes nascidos em 1963 os pesquisadores obtiveram escores de inteligência e coletaram dados acerca da ocupação dos pais visando construir um índice de classe social numa escala de 13 pontos. A expectativa, naturalmente, era que a correlação entre escores de QI e os indicadores de classe social das crianças seria igual a zero. Qual não foi sua surpresa ao verificar que, ao invés disso, o R2 foi igual a 0,97, ou seja, quase perfeito (sendo o perfeito igual a 1). Mais interessante foi as diferenças entre as escolas terem se reduzido de 10% a 2,1%. Em outras palavras, a variância dos estudantes explicaram aproximadamente 98% dos resultados. Ademais, os escores de inteligência foram os grandes preditores do desempenho acadêmico.
Concluindo, parece contra intuitivo que uma distribuição geográfica igual e equiparada de pessoas dentro das escolas nos bairros poderia fazer diferenças entre os estudantes, mesmo mais salientes.