José Eugenio Kaça *
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A segregação social e racial é institucionalizada no Brasil, e qualquer política que tenha por finalidade acabar com está mácula é combatida violentamente, pois permitir que haja uma melhor distribuição de renda, e que a miséria seja extirpada do nosso cotidiano é algo inconcebível. A escola básica pública foi concebida para atender os privilegiados, e algumas para atender a elite os filhos da elite que domina o poder. Essa segregação não permitiu que os filhos da classe trabalhadora tivessem os mesmos direitos a uma educação básica, que tinham os filhos destas elites. E isso criou um exército de analfabetos, que eram empurrados para os trabalhos menos qualificados e com salários miseráveis, até meados do século passado quase metade população era analfabeta – essa era uma política de Estado.
A realidade nos mostra que a a delinquência intelectual cometida por pseudos intelectuais colocou no povo pobre brasileiro a pecha de preguiçoso e com baixo valor intelectual, o pior disso é que parcela da população acreditou. A elite branca e escravocrata nunca se preocupou com o desenvolvimento do País como sendo uma Nação, se especializaram em lamber as botas do país poderoso que estivesse em evidência, só se preocupando com o seu tesouro pessoal, constroem suas fortunas explorando os trabalhadores, mas investem seus capitais nos países colonizadores. E com isso o Brasil não consegue ter um planejamento para se desenvolver de médio e longo prazo, e o sofrimento da classe trabalhadora não tem fim.
Viver ajoelhado aos pés dos países colonizadores é o que essa elite faz de melhor. O dinheiro da matriz para a filial corria solto, até que a matriz resolveu cobrar a contra partida do seu investimento, e essa contra partida era na educação básica, pois a maioria dos filhos dos pobres estavam fora da escola, e não havia uma política de inclusão. Para cumprir as ordens da matriz, e continuar com a segregação, permitiram que os filhos dos pobres tivessem acesso a escola básica pública, mas para não haver a convivência de seus filhos com os filhos das classes consideradas subalternas – criaram a rede privada, privatizando assim o conhecimento, e deixando a rede pública para os filhos dos pobres, mas tomando o cuidado de minguar os investimentos.
O conhecimento liberta, e cria novas possibilidades, vão tornando o ser humano mais humano. As adversidades que impuseram a educação básica pública, para que a qualidade desejada não chegasse aos pobres foi cruel, mas houve resistência. E essa resistência produziu teóricos na educação básica, que estão entre os melhores do mundo, no entanto, a pedagogia destes grandes mestres, que permiti que os educandos tenham autonomia, criticidade e sejam protagonistas dos seus aprendizados foi rejeitada e combatida por quem tem a caneta do poder nas mãos, pois sabem que uma educação básica pública e de qualidade é formadora da cidadania, e a cidadania constrói uma Nação.
Mesmo com todas as atrocidades que cometem contra a escola pública – houve avanços, que incomodaram as elites ligadas ao extremismo de direita. Primeiro foi a perseguição aos professores progressistas, com a excrecência da escola sem partido – só o deles. Como não conseguiram sucesso com está aberração, partiram para o outro projeto com a mesma excrecência – “as escolas cívico-militares”. Com os militares sendo protagonistas nas matérias relacionadas ao funcionamento dos três poderes, a cidadania, a ética e o civismo, estabelecendo assim uma conduta militar para os alunos, e com isso a pedagogia dos grandes mestres vão para o limbo. Não podemos permitir que uma corporação que mata indiscriminadamente pretos e pobres nas periferias, que trata os filhos dos ricos com cortesia, pedindo por favor, por gentileza para fumar seu baseado discretamente, e trata os filhos dos pobres na porrada, gritando mão na cabeça vagabundo, e muitas vezes fazendo o adolescente engolir seu baseado. E é essa corporação que está todos os dias nos noticiários, por cometer atrocidades que vai estar dentro das escolas públicas – que tipo de cidadania essa gente vai ensinar nas escolas?
A polícia precisa cumprir sua função constitucional! Cada macaco no seu galho!
* Pedagogo, líder comunitário e ex-conselheiro da Educação