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Era uma vez

A crise sanitária que atinge o mundo mexeu com a vida de todos e exigiu de vários profissionais a mudança de hábitos, conceitos e adequações de estilo, forma e conteúdo. Entre os mais exigidos estão os professores, especialmente da educa­ção infantil, que diariamente precisam motivar e envolver pais e alunos em aulas online. É uma tarefa árdua que, além do conhecimento didático, exige o domínio das diversas ferramentas tecnológicas. As redes sociais das escolas estão repletas de vídeos que demonstram que, além do ofício de ensinar, os profissionais da educação se tornaram atores, mú­sicos, dançarinos, animadores de auditório, couches, psicólo­gos e assistentes sociais, entre outros.

Criatividade e improviso não são novidades para os professores brasileiros que geralmente lecionam em situa­ções totalmente adversas, com estruturas físicas deploráveis, salários reduzidos e toda sorte de contratempos. Necessário lembrar, também os escritores infantis, pouco conhecidos ou consagrados como Ana Maria Machado, Mauricio de Sousa, Ziraldo e o contestado Monteiro Lobato, considerado o pai da literatura infantil brasileira e cujo nascimento é celebrado em 18 de abril – Dia Nacional do Livro Infantil.

Segundo os especialistas a leitura estimula a criatividade, melhora a escrita, favorece a aquisição de cultura e, princi­palmente, estimula atitudes éticas. Foi assim queAntoine de Saint‑Exupéry ensinou ao mundo que somos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos e sua discípula Cristia­ne Framartino Bezerra nos apresentou vovó Helena que cui­dou com todo amor de uma Bruxinha que caiu da vassoura.

Já André Luís Oliveira e Arnaldo Junior deram uma aula de inclusão e afeto em Dani Down. A necessária igualdade ficou mais bem compreendida com: O Pequeno Príncipe Preto, Meu Crespo É de Rainha e O Caderno de Rimas de João, escritos respectivamente por Rodrigo França, bel hooks e Lázaro Ramos. Outra ótima leitura é A Cor de Coraline que ensina que as cores não servem para diferenciar, mas para tornar tudo mais belo.

No mundo em transformação até as cantigas de roda merecem atenção. A minha geração era formada em um uni­verso infantil que refletia a mentalidade adulta onde a pobre Sambalelê estava doente, com a cabeça quebrada e, ainda, su­jeita a agressões com lambadas. Nem os animais escapavam, pois atiraram o pau no gato, que apesar de não morrer, soltou um berro que deixou Dona Chica admirada. Hoje é diferente e temos projetos como Grandes Pequeninos, do casal Jair Oliveira e Tania Khalill com excelentes conteúdos teatrais e musicais para as crianças e toda família.

Aproveitando a oportunidade, em 15 de abril comemo­ramos o Dia do Desarmamento Infantil, data instituída para conscientizar que criança nunca deve utilizar e nem brincar com armas de fogo (mesmo de brinquedo). No contexto de violência infantojuvenil é necessário conversar e convencer pelo exemplo, pois é inconteste que precisamos de mais livros e menos armas.

Os tempos sombrios passarão e no futuro, ao ensinar às próximas gerações, professores e escritores iniciarão as histórias assim: era uma vez um tempo onde o amor superou o medo e o ódio. Falando em superação, carregamos um pou­quinho de Dona Aranha. Somos teimosos e desobedientes, subimos e descemos pela parede e quando a chuva forte nos derruba, aguardamos o sol surgir e continuamos firmes em nossos propósitos.

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