O mergulho na era digital é irreversível. Quem não se aperceber disso perecerá. Ou ficará à margem, o que não é destino melhor. Investir em comunicação digital é uma urgência para todos. As escolas precisariam rever seu conteúdo a cada semestre, senão com periodicidade ainda mais reduzida. As salas de aula precisam se transformar. Se é difícil em escala fazer readequação física e de equipamentos, ao menos a mentalidade pode ser transformada. Depende da vontade de todos os interessados.
Protagonismo, iniciativa, criatividade e empreendedorismo são palavras de ordem. De acordo com a pesquisa Carreira dos Sonhos 2017, realizada pela Companhia de Talentos, a maior preocupação dos jovens é a desvinculação entre a formação escolar e a realidade do mundo do trabalho.
Como replicar em sala de aula o ambiente que o mercado requer? Os projetos precisam ser interdisciplinares e os alunos precisam trabalhar diferentes habilidades exigidas pelo mercado. Se a urgência é formar empreendedores, não empregados, é necessário entender como os brasileiros pensam e o que querem. Quais os problemas concretos, às vezes triviais, que enfrentam e não conseguem resolver. Por isso o alunado tem de ser treinado a encontrar soluções, a tomar decisões, a desenvolver habilidades fundamentais para quem precisará exercer uma atividade, mas não encontrará o mundo do emprego como existiu até há pouco.
Pensar em atuar junto às redes sociais, a relação entre meios on e off line, construção de aplicativos, compra de mídia, estratégia com influenciadores, gestão e monitoramento de canais é uma das possibilidades. Assim como a análise de dados, conhecendo estratégias de aplicação de métricas para otimizar ações. Planejar a mensuração, analisar, identificar padrões e gerar recomendações. Atuar em gameficação, mediante utilização dos jogos como meios de comunicação e sua aplicação em inúmeros setores, fora do contexto do entretenimento.
Para isso já existem cursos de tecnologia em jogos digitais, oferecidos em 122 instituições de ensino no Brasil, 46 delas em São Paulo. Se em 2010 eram 1.596 os matriculados, em 2015 foram 4.965, ou seja, 211% a mais. É a concretização da integração entre tecnologia e criatividade.
As carências do mercado de trabalho fizeram com que muitas empresas atuassem para o surgimento de cursos “in company”, ou seja, programas customizados para funcionários de determinado setor. A expertise da escola e o conhecimento específico para formar uma mão de obra cada vez mais especializada, obrigam a uma constante busca de oferecer à vida real aquilo de que ela necessita.
Por isso é que o uso de mobiles em sala de aula, a critério do professor, é um passo importante de inserção da escola na era digital, que requer audácia e ousadia. Atributos que a imensa maioria da juventude brasileira, especialmente a de São Paulo, tem para usar, dar e para exportar.