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Entrevista – Com a palavra, Fabiano Guimarães

Formado em Economia pela Faculdade de Economia e Adminis­tração FEA-USP/RP e pós-graduado como Gerente de Cidades pela Fundação Aramando Álvares Penteado de Ribeirão Preto- FAAP, Fabiano Guimarães está em seu primeiro mandato como vereador, depois de atuar por dez anos na gerência regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo. Vice-presidente do Diretório de Ribeirão Preto do Partido Democratas, Guimarães afirmou ao Tribuna que o governo municipal precisa se conscien­tizar de que a era de segurar ou esconder informações acabou. “Na era das mídias sociais isso é passado e quanto mais cedo se aprender, mais eficaz e eficiente será o governo”. Com atuação parlamentar com ênfase para a área educacional -preside a Comissão Permanente de Educação no Legislativo – Fabiano Guimarães garante que Educação não foi prioridade da tal admi­nistração: “pelo menos até agora”.

Tribuna – O senhor foi gerente regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo em Ribeirão Pre­to durante dez anos. O que o levou a entrar para a políti­ca partidária?
Fabiano Guimarães – O sistema Fiesp/Ciesp/Sesi/ Senai foi uma grande escola onde aprendi de perto sobre as necessidades, dificuldades e desafios de quem produz e gera emprego e prosperidade. Na gerência regional, em cer­tos momentos, precisávamos acessar deputados estaduais e federais para defender a in­dústria regional e foi assim que acabei me aproximando, há quinze anos do hoje vice-governador Rodrigo Garcia, que me trouxe para o Demo­cratas e me convidou para ser candidato a vereador. O Parti­do foi uma opção ideológica também, pois sou defensor de concessões e privatizações de tudo que o setor privado pos­sa fazer melhor que o Estado. Dessa forma, o Estado pode­rá ter mais condições de ter como foco absoluto a Educa­ção básica e planejamento do desenvolvimento urbano com eficiência. Não dá para que­rer que o Estado seja bom em tudo. Governar é definir prio­ridades, por isso, sou liberal e foco é essencial para se ter qualidade e excelência.

Tribuna – Ser vereador era o que o senhor esperava?
Fabiano Guimarães – Sim. Apenas imaginava que con­seguiria conciliar mais a ativi­dade pública com atividades particulares. Cheguei à conclu­são que se eu quisesse entregar meu máximo como político frente aos desafios desta cida­de, e conseguir prestar contas para minha base política que é muito crítica e exigente, teria que abrir mão de outros traba­lhos para poder me dedicar à população e foi isso que fiz.

Tribuna – Em suas redes sociais o senhor posta e co­menta muito sobre o que cha­ma de gastos desnecessários com autarquias municipais. O que o senhor classifica como gastos desnecessários?
Fabiano Guimarães – Gas­to desnecessário é aquele de baixa produtividade. Gastos que o setor privado poderia estar fazendo melhor e com mais economia. Essas organi­zações da administração indi­reta, como Coderp, Transerp e Fortec já deveriam ter sido extintas há muito tempo, as­sim como centenas de seções, divisões e departamentos na administração direta. É preci­so uma profunda reforma ad­ministrativa que identifique, valorize e promova competên­cias e por meio de avaliações de desempenho reais e não as “fictícias” como são hoje. É preciso motivar o servidor pú­blico via meritocracia.

Tribuna – O senhor tem tido atuação constante no se­tor da educação. Que avalia­ção faz da Rede Municipal de Educação?
Fabiano Guimarães – Edu­cação não foi prioridade deste governo, pelo menos até ago­ra. Eu defendo que a educação básica seja prioridade absoluta e máxima de um governante. Pela importância que tem o tema, deveria ter sido feito, já no primeiro semestre, um pla­no de ação de reforma predial, identificação de riscos à segu­rança dos alunos e funcioná­rios, segurança patrimonial, atribuição de professores e, obviamente, ter definido me­tas claras, como “Ribeirão terá a melhor educação básica do país em tantos anos”…sem um pacto, sem um compromisso claro do líder, que é o prefei­to, a coisa fica solta e deu no que deu. Temos condições, com a qualidade do quadro de nossos professores e recursos da cidade, de nos tornarmos a melhor educação básica do hemisfério sul.

Tribuna – Segundo le­vantamento feito a partir de dados da secretaria da Edu­cação, o número de faltas de professores na rede é em me­dia de 11%, seja por atestados médicos e pelas chamadas faltas abonadas entre outros fatores. Como diminuir este percentual?
Fabiano Guimarães – Pri­meiro, é preciso reformar a estrutura das escolas e dotá-las de recursos materiais para que os servidores possam ter con­dições de ensinar. Ao mesmo tempo, é preciso capacitar per­manentemente os gestores da educação, tanto na estrutura da secretaria quanto nas unidades escolares, para que eles possam usar o potencial que tem como gestores e educadores. Por fim, é preciso coibir excessos, aper­feiçoando a perícia médica. Es­sas ações reduziriam o absente­ísmo, certamente.

Tribuna – Quais os seus projetos que o senhor con­sidera mais relevantes e im­portantes?
Fabiano Guimarães – A lei que determina transparên­cia na divulgação das Notas Fiscais de todos os produtos e serviços adquiridos e contra­tados pela administração di­reta e indireta (a primeira ci­dade do Estado de São Paulo e uma das primeiras do Brasil a ter essa lei), a lei que insti­tuiu o programa de educação financeira na rede municipal de educação, a criação das Comissões Permanentes de Transparência e a de Desen­volvimento Econômico e a lei que criou a feira do agricultor familiar na cidade.

Tribuna – O senhor é favo­rável a quantos vereadores na próxima legislatura? Por quê?
Fabiano Guimarães – Quanto menos vereadores, me­nores as chances de segmentos e minorias serem representa­das no parlamento, que ten­deria a ser mais populista e eli­tista. O número ideal é, ainda, para mim, uma incógnita. Nes­te momento, me basearei por um número, a priori, razoável e aceitável pela sociedade, que é vinte dois.

Tribuna – Qual a avaliação que o senhor faz da atual ad­ministração municipal?
Fabiano Guimarães – O governo precisa se conscien­tizar de que a era de segurar ou esconder informações acabou. Na era das mídias sociais isso é passado e quan­to mais cedo se aprender isso, mais eficaz e eficiente será o governo. Transparência ab­soluta gera mais cobrança, tira muita gente da zona de conforto (o que é bom), mas também gera mais engaja­mento e criatividade na bus­ca de soluções.

Tribuna – Seu partido foi coligado com o do prefeito nas eleições passadas. Entre­tanto, o senhor faz criticas severas ao atual governo. Não existe um contra senso nisso?
Fabiano Guimarães – Sou um vereador absolutamente independente e o governo sabe que sou o mais duro em cobrar e criticar quandopercebo que o diálogo está difícil e que há ris­co de que o que está errado não seja corrigido. Por outro lado, o governo também sabe que se há fundamentação em base técnica para seus projetos, sou o primeiro a apoiar de forma incondicional, mesmo quando impopulares.

Tribuna – No que a atual Câmara precisa melhorar?
Fabiano Guimarães – Ser totalmente digitalizada, elimi­nando papelada, ser dotada de softwares de cruzamento de informações baseado em inteligência artificial para sub­sidiar vereadores e comissões nas suas investigações; investir pesado em capacitação per­manente de seus servidores e ser cada vez mais proativa na conscientização da população sobre o papel do vereador, que ainda é muito confundido com o papel do prefeito.

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