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Entre a festa e o desalento

Valdir Avelino *
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Na semana em que Ribeirão Preto completou 167 anos, cabe perguntar se a nossa cidade se descortina como um local promissor para a grande maioria dos jovens na próxima década. Infelizmente, a resposta é negativa, pois parte da nossa juventude não tem mais o desejo de voltar aos estudos, nem ao mercado de trabalho e alimenta silenciosamente uma grande descrença em relação ao futuro e a cidade aniversariante.

O que é, afinal, esta expectativa baixa (ou nenhuma) se não um atestado de incompetência de sucessivas gestões nos últimos anos de um mesmo tipo de governo! O nível de atenção às necessidades das novas gerações foi sistematicamente deixado de lado. Ao invés de criar pontes, o governo acabou por impor barreiras para esses jovens saírem dessa condição de desalento ao desprezar o papel e a importância do serviço público municipal. As políticas públicas, que deveriam ser pensadas para ajudá-los a superar inúmeras barreiras, na verdade foram abandonadas, diminuídas e negligenciadas.

É extremamente preocupante constatar que Ribeirão Preto, um dos municípios mais ricos do estado e do país, com 167 anos, segue incapaz de transmitir esperança aos mais jovens. E o que é pior: ou o governo não sabe ou não divulga o número de jovens da nossa cidade que não estão no mercado de trabalho e nem estudando ou se qualificando. Essa omissão é dramática e letal para o desenvolvimento e o bem-estar do nosso Município e de todos que aqui vivem.

O principal caminho para se reverter a crise de desconfiança na capacidade do Município de oferecer a possibilidade de um futuro digno para quem precisa é o fortalecimento e a valorização do serviço público. A descrença de muitos dos ribeirão-pretanos mais jovens em relação a nossa cidade é, em grande medida, uma resposta direta ao baixo investimento e reconhecimento do governo no serviço público. Não tenho a menor dúvida de que o desprestigio do governo ao serviço público nas áreas da cultura, educação, esporte, assistência social, saúde, entre outras, criou uma verdadeira barreira para um futuro promissor da nossa juventude e da sociedade como um todo.

Somente com políticas públicas efetivas e o engajamento das famílias será possível criar condições para uma infância e adolescência saudáveis. Na ânsia de ignorar o papel das políticas públicas e desvalorizar o serviço público, os governantes apresentaram para a sociedade um Município extremamente cruel, competitivo e excludente.

Em nome de uma segurança fiscal e do contingenciamento de despesa, privaram milhares de jovens de viverem as experiências necessárias para um desenvolvimento pleno e saudável desta fase da vida. Agindo assim, além de perpetuar um cenário que não só ampliou as desigualdades crônicas de Ribeirão Preto, o governo contribuiu para a produção do desalento.

Com mais de 167 anos, passou da hora de Ribeirão Preto tratar os mais jovens como nossa grande prioridade, adotando uma perspectiva que se fundamente na ampliação e na valorização efetiva dos serviços públicos municipais. Hoje, a promoção de políticas públicas para tirar nossos jovens do desalento e da baixa expectativa é prioridade urgente e precisa ser assim contemplada nos debates políticos e ações do atual governo.

* Presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis 

 

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