Diversas entidades setoriais e representativas, como o Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto (Sincovarp) e a Câmara dos Dirigentes Lojistas – CDL Ribeirão Preto divulgaram uma nota apoiando a decisão do prefeito Ricardo Silva em suspender as obras do novo Centro Administrativo.
Segundo as entidades, a suspensão é resultado do compromisso assumido pelo então candidato Ricardo Silva com o grupo de entidades setoriais ainda na primeira série de encontros com os candidatos a prefeito da cidade, em julho de 2024, na sede do Sincovarp e CDL RP.
Na ocasião, foi entregue à Ricardo uma série de sugestões/solicitações em defesa, recuperação e pelo desenvolvimento dos setores de Comércio e Serviços, de Ribeirão Preto, em conexão com a Cadeia Produtiva Local. No item 9 do documento, consta:
“Suspender imediatamente a construção do novo Centro Administrativo fora da região central de Ribeirão Preto. Reverter parte desses recursos (cerca de R$ 200 milhões) para obras e ações de revitalização e ressignificação do quadrilátero central, mediante o desenvolvimento de um estudo técnico amplo envolvendo a sociedade civil organizada, entidades (todas as entidades setoriais envolvidas no tema), especialistas e as universidades;”.
O tema também foi levado pelo Sincovarp e CDL RP às reuniões com o gabinete de transição. As entidades pontuaram dados que poderiam subsidiar a decisão. Confira:
“Tomando como ponto de partida o início das obras de reforma do atual calçadão, em abril de 2012, já se passaram 13 anos. Desse total, em apenas 2 anos o Comércio Varejista do centro pôde funcionar em condições normais. Ver linha do tempo abaixo:
– 2012: Início das obras de reforma do calçadão, em abril;
– 2013: Obras do calçadão;
– 2014: Obras do calçadão;
– 2015: Obras do calçadão;
– 2016: Obras do calçadão;
– 2017: Término das obras e reinauguração do calçadão em setembro;
– 2018: Condições normais de funcionamento;
– 2019: Condições normais de funcionamento;
– 2020: Pandemia de Covid 19 com severas restrições ao Comércio;
– 2021: Pandemia de Covid 19 com severas restrições ao Comércio;
– 2022: Retomada parcial com a intensificação da vacinação;
– 2023: Início das obras de corredores de ônibus, Ribeirão Mobilidade;
– 2024: Obras de corredores de ônibus, Ribeirão Mobilidade, e obras de galerias pluviais;
– 2025: Começará prejudicando o Comércio do centro com obras atrasadas”.
As duas entidades apresentaram ainda um levantamento de julho de 2024 com números do impacto negativo nos estabelecimentos comerciais no Centro, devido as obras de implantação de corredores de ônibus e de galerias pluviais:
– Queda média de -39% nas vendas;
– 98% dos lojistas apontaram redução nas vendas;
– Queda do movimento de clientes nas lojas foi de -41%;
– 100% dos lojistas entrevistados apontaram redução no movimento de clientes;
– Entre as empresas impactadas, 16% MEIs (Microempreendedores Individuais), 60% são MEs (Microempresas), 18% EPPs (Empresas de Pequeno Porte), 3% Médias Empresas e 3% são Grandes Empresas;
– Redução média de -35% nos quadros de funcionários das empresas;
– Dos estabelecimentos pesquisados, 75% tiveram de demitir funcionários.”
A nota de apoio diz ainda que “somam-se, aos argumentos acima, os seguintes fatos: A maioria da população ribeirão-pretana já indicou ser contrária à obra; A manifestação contrária do Legislativo Municipal, em mais de uma ocasião; A posição contrária da imensa maioria das entidades setoriais, de classe e empresariais, e de outros importantes entes da Sociedade Civil Organizada”.
As entidades afirmam que não são contrárias à melhoria da estrutura e da gestão, públicas, por meio de um novo Centro Administrativo. “Mas defendem que essa nova estrutura seja construída na região central de Ribeirão Preto que vive, há décadas, um processo de esvaziamento a ser contido e revertido conforme a atual tendência nas grandes cidades do Brasil e do mundo”.
“Somam-se a isso, os graves prejuízos que seriam causados ao Comércio Tradicional de Ribeirão Preto, que já sofreu muito com a pandemia e logo em seguida foi ‘atropelado’ pelas obras de mobilidade, e, ainda, o fato de que a região central é para onde se converge o sistema de transporte coletivo urbano sendo o local de mais fácil acesso para cidadãos de todas as regiões da cidade”, finaliza o texto.
A nota de apoio, datada em 8 de janeiro de 2025 é assinada pelo SINCOVARP (Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto), CDL Ribeirão Preto (Câmara dos Dirigentes Lojistas), SINHORES Nordeste Paulista (Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares), SINCOMERCIARIOS RP (Sindicato dos Empregados do Comércio de Ribeirão Preto), SINDHOTELEIROS RP (Sindicato dos Trabalhadores de Hotéis, Motéis, Restaurantes, Bares e Fast-foods de Ribeirão Preto), Sindicato do Comércio Varejista de Feirantes e Ambulantes, Instituto Ribeirão 2030, Aescon/Casa do Contabilista (Associação das Empresas de Serviços Contábeis), Comitê de Acompanhamento das Obras, Movimento “Vem Pra Nove” e Movimento “Conexão Varejo”.