O atleta Thiago Paulino, de Orlândia, perdeu o ouro no arremesso de peso pela classe F57, na Paralimpíada de Tóquio 2020, por ter supostamente se mexido e tirado o quadril do assento em dois dos seus lançamentos realizados na final. Com a decisão do Júri de Apelação de invalidar o arremesso de 15,10m, Thiago deixou de subir no lugar mais alto do pódio e ficou com o bronze. A explicação partiu de um pronunciamento oficial publicado pela World Para Athletics (Federação Internacional do Atletismo Paralímpico), na última quinta-feira (9).
A nota explica que antes de o Comitê Paralímpico Nacional da China (CPN) recorrer ao Júri de Apelação, os chineses contestaram a avaliação do árbitro. De acordo com o CPN, Thiago teria se mexido da cadeira e tirado o quadril do assento nos seus dois melhores arremessos (15,10m e 15,05m) e que, por isso, deveriam ser invalidados.
O árbitro rejeitou o protesto dos chineses, que acionaram o Júri de Apelação, representado por dois experientes Oficiais Técnicos Internacionais (OTIs), um membro do Comitê Técnico Esportivo da World Para Athletics e o Secretário do Júri.
Na avaliação do CPN, Paulino infringiu a regra 36.3 (Técnica de Arremesso Sentado, Elevação e Falha) no segundo e terceiro lançamentos. A regra afirma que “será falha se um atleta se mover da posição sentada a partir do momento em que o atleta leva o implemento (o objeto arremessado) para a posição inicial da prova até que o implemento toque o solo”.
Para tomar a decisão, segundo a nota, o Júri de Apelação usou o vídeo oficial da prova gravado por uma câmera localizada na frente do atleta. A World Para Athletics afirma que o júri mostrou o vídeo ao árbitro e a um dos oficiais técnicos internacionais, e ambos concluíram que Thiago, durante as duas tentativas, infringiu a regra 36.3 e que os lançamentos deveriam ser invalidados, dando causa ganha para o CPN.
O veredito foi anunciado em 4 de setembro no Japão e publicado pelo Centro de Informação Técnica. Porém, quando o Presidente do Júri explicou a decisão não havia representantes do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) presentes no local. Os brasileiros ficaram sabendo da decisão por e-mail e notificados pessoalmente na manhã do dia 4, no Estádio Olímpico Nacional, pelo próprio presidente do Júri de Apelação.
Em resposta, o CPB apresentou vídeos gravados por um celular das arquibancadas como prova para comprovar a legitimidade dos arremessos de Thiago, segundo o pronunciamento da World Para Athletics. As novas provas foram acatadas pelo Júri e analisadas, mas as imagens não foram suficientes para que a primeira decisão fosse revertida.
Com a decisão confirmada, o chinês Wu Guozhan, que arremessou 15,00m, ficou com a medalha de ouro; o brasileiro Marco Aurélio Borges ficou com a prata porque passou a ter o segundo melhor arremesso, com 14,85m, e Thiago ficou com o bronze (ele optou por não fazer todos os arremessos no momento da prova porque já tinha garantido o ouro antes da decisão do Júri de Apelação). Durante a entrega das medalhas, Paulino protestou contra a decisão que tirou a sua medalha dourada.