É mais do que conhecida a preferência de recrutadores, profissionais de recursos humanos e líderes de equipes por profissionais versáteis, que possuem capacidade de transitar por diferentes áreas do conhecimento. Essa formação multidisciplinar e transversal também se mostra cada vez mais fundamental para a academia compreender e colaborar com uma sociedade cada vez mais conectada.
Foi com este pensamento que, com uma proposta pioneira, em 2005, a Fuvest abriu inscrição do processo seletivo para a primeira turma do Curso de Economia de Economia Empresarial e Controladoria (“ECEC”) da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FEA-RP/USP).
O curso buscava justamente inovar a proposta curricular pedagógica brasileira quanto a formação de profissionais voltados a área de negócios por meio da junção disciplinar de dois cursos tradicionais, de Ciências Econômicas e de Ciências Contábeis, tendo como diferencial primordial um enfoque no estudo em Finanças.
Buscava-se assim formar profissionais completos e versáteis, que tivessem facilidade em solucionar conflitos, detectando e diagnosticando problemas e propondo soluções. Para isso, o curso foi construído reunindo conhecimentos em economia, contabilidade financeira e gerencial, métodos quantitativos e estatísticos, tributação, direito econômico e finanças.
Hoje, dez turmas já se formaram. E qual o resultado dessa experiência? Houve evasão, assim como todos os demais cursos superiores, mas o bacharel em Economia de Economia Empresarial e Controladoria conquistou seu espaço no mercado. Geralmente, é um profissional reconhecido por sua flexibilidade, reunindo boa eloquência e poder argumentativo, dos economistas, com a facilidade com os números e a capacidade analítica,dos contadores.
Há egressos em cargos gerenciais em grandes companhias como Amazon, AB-InBev, ItaúUnibanco, GPA e em muitas outras organizações nacionais e internacionais. Inclusive, esse profissional muitas vezes também se interessa pelo terceiro setor, pelo setor público e pelo meio acadêmico.
Reflexo deste sucesso é que a demanda pelo curso na Fuvestcresceu e a relação candidatos por vaga aumenta a cada ano. Outras instituições de ensino passaram a se inspirar nessa iniciativa pioneira da FEA-RP/USP, desenvolvendo novos cursos também focados na formação multidisciplinar do profissional de contabilidade e de economia.
Todavia, a pesar de toda essa aprovação do mercado de trabalho e do aumento na demanda dos estudantes, existem iniciativas conservadoras que estudam um retrocesso. Discussões internas e minoritárias, sem apoio na comunidade acadêmica, visam substituir essa formação interdisciplinar e moderna por cursos tradicionais, de Ciências Econômicas, que podem ser encontrados em todas as demais instituições de ensino espalhadas pelo país.
Como se justificaria essa proposta de extinção do curso? A Universidade de São Paulo irá retroagir para evitar eventuais conflitos internos de interesses inerentes ao dia a dia de qualquer atividade econômica que envolva relacionamentos humanos e atendimento ao público? Uma vez que o mercado de trabalho está satisfeito e elogiando as capacidades desenvolvidas por esses bacharéis, não se pode alegar que o curso não está atendendo a sociedade.
Além disso, pergunta-se: se não for para a USP a inovar na formação dos futuros líderes do Brasil, quem poderia? Como se pode revolucionar o mercado de trabalho sem a iniciativa de grandes instituições de ensino superior em reformular as propostas curriculares de formação profissional? O mercado profissional atual implora por inovações, pelo aumento da produtividade e pela formação multidisciplinar e são essas instituições que tem a capacidade de discutirem, estudarem e proporem essas inovações.