Um grupo de aproximadamente 20 enfermeiros do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, ligada à Universidade de São Paulo (HCFMRP/USP), protestou na manhã desta quarta-feira, 8 de julho, à porta da Unidade de Emergência, na rua Bernardino de Campos, na região central da cidade.
Na linha de frente do combate ao coronavírus, os profissionais reivindicam reajuste salarial, mais equipamentos de proteção individual (EPIs) – máscaras, luvas etc. –, mais leitos de enfermarias e de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e a contratação de profissionais que já foram aprovados em concurso emergencial.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo (SindSaúde-SP), trata-se de um “ato em defesa da vida e pela valorização dos profissionais de enfermagem”. Os enfermeiros do grupo “Enfermagem é pra lutar!” estavam de máscara e jaleco branco e portavam bexigas pretas e cartazes com as reivindicações.
O hospital não vai se manifestar sobre o protesto. Uma portaria publicada pela prefeitura de Ribeirão Preto, no Diário Oficial do Município de terça-feira (7) cede, por 60 dias, 20 profissionais da Secretaria Municipal de Saúde para o Hospital das Clínicas. São 13 auxiliares de enfermagem, quatro enfermeiros e três técnicos em enfermagem.
A medida, de acordo com a portaria, vai viabilizar a abertura de dez novos leitos de UTI destinados para pacientes com covid-19 em estado grave. Nesta quarta-feira, as unidades Campus e de Emergência do Hospital das Clínicas tinham 63 leitos de terapia intensiva e 56 pessoas internadas. A taxa de ocupação era de 88,9%.
Segundo o superintendente do HC, Benedito Carlos Maciel, o repasse de 20 funcionários da Secretaria Municipal da Saúde vai permitir a abertura de mais oito leitos de terapia intensiva, o que deve ocorrer até esta sexta-feira (10). Além disso, mais 18 leitos de UTI serão abertos, em um prazo de no máximo dez dias, com a contratação de mais médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem.
O Hospital das Clínicas já remanejou cerca de 50 médicos para atendimento em UTIs. No final de março, o governador João Doria (PSDB) assinou despacho autorizando a contratação de 378 profissionais para o Hospital das Clínicas – 52 para médicos, 47 de enfermeiros e 139 de técnicos de enfermagem, entre outros. Todas as vagas já foram preenchidas.
No final de maio, o BTG Pactual, maior banco de investimentos da América Latina, anunciou um projeto para subsidiar a contratação de 55 médicos e técnicos de enfermagem para o HC que contou com o apoio da Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Assistência (Faepa), mantenedora do hospital. O valor doado por BTG Pactual, Cosan, São Martinho e Minerva Foods foi de R$ 1,2 milhão.
Em 24 de junho, durante reunião do Conselho Municipalista, que envolve representantes de cidades-sede de 15 regiões administrativas de São Paulo, o prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB) pediu mais atenção do Estado para com o HC em relação à admissão de funcionários (recursos humanos) para ampliar o número de leitos de UTI usados no tratamento da covid-19.
“Gostaria de fazer um pedido especial em nome do DRS XIII de Ribeirão Preto (13º Departamento Regional de Saúde) para que obtivéssemos, do governo do Estado, em especial da Secretaria da Saúde, um apoio mais contundente junto ao Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (HC) para transferência de recursos à Faepa (Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Assistência, mantenedora da instituição)”.