Tribuna Ribeirão
Economia

Energia vai subir 1,3% para concluir Angra 3

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) afirmou que a decisão de concluir ou não a construção da usina nuclear de Angra 3 tem caráter essen­cialmente político, mas que o País possui uma série de fontes de energia com tarifas bem inferiores à que o governo pre­tende cobrar pela conclusão e operação da usina, que está com as obras paralisadas há mais de três anos no Rio de Janeiro.

Os técnicos calcularam os efeitos que a construção da usi­na teria no bolso do consumidor, caso seja aplicado o aumento da tarifa de Angra 3 aprovado em outubro pelo governo. Se o valor da energia saltar de R$ 240/MWh para R$ 480/MWh, como quer o governo atual, a conta de luz subiria imedia­tamente 1,35%. A indefinição sobre o futuro de Angra 3, que está com 58% de sua estrutura concluída, é uma das heranças deixadas pelo governo Temer. O custo bilionário para concluir ou desmontar a usina levou o Tribunal de Contas da União (TCU) a abrir uma auditoria na Aneel para apurar a situação do empreendimento controlado pela Eletronuclear, estatal do grupo Eletrobrás.

Em respostas encaminhadas pela Aneel ao TCU, técnicos da agência argumentaram que o País possui hoje uma série de fontes de energia que está sendo contratada em leilão em valores muito inferiores à nova tarifa de R$ 480 o megawatt-hora (MWh) fixada em outubro pelo governo para concluir a usina. “Pontuamos que os últimos leilões realizados demonstram a existência de ofer­tas de outras fontes de geração de energia com preços inferiores em quantidade compatível com Usina de Angra 3”.

Política – A Aneel, no entanto, alegou que não cabe à agência opinar sobre a necessi­dade ou não de concluir a planta nuclear, item que foi questiona­do pelo TCU. “A essencialidade da usina nuclear de Angra 3, a nosso ver, envolve aspectos relacionados não somente ao setor elétrico, mas também questões afeitas ao setor nu­clear brasileiro, portanto, deve ser avaliada no âmbito de uma política pública”, diz a agência.

Bolsonaro tem sinalizado que tem a intenção de concluir a usina. A ideia também é defendida por integrantes da cúpula de transição do governo, que veem na área nu­clear uma tecnologia estratégica para o País. Angra 3 já consumiu ao menos R$ 8 bilhões dos cofres públicos. O custo de conclusão da planta nuclear já foi estimado em R$ 17 bilhões.

Por outro lado, desistir dela custaria R$ 12 bilhões. Projeto do período militar, Angra 3 começou a ser erguida em 1984. Suas obras prosseguiram até 1986. O projeto ficou paralisado por 25 anos, até ser retomado em 2009 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e parou de novo por causa de denúncias da Lava Jato.

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