O empresário ribeirão-pretano Valter Pereira é um entusiasta da energia fotovoltaica. Proprietário de uma empresa de usinagem, localizada na Vila Carvalho, zona Norte de Ribeirão Preto, há dois anos ele decidiu investir na instalação do novo sistema de energia gerada a partir de fonte solar. Na empresa, que tem 36 funcionários, além do novo sistema, ele também utiliza energia elétrica. Mas, há um bom tempo viu a conta de luz cair de R$ 4.200,00 para R$ 117,00 por mês graças à nova fonte de energia utilizada.
Recentemente o empresário deu mais um passo rumo à energia sustentável. Síndico do condomínio residencial Parque dos Tamarindos, onde reside, ele conseguiu a adesão dos 102 moradores do local para a instalação de energia fotovoltaica nas áreas comuns do residencial. No último dia 28 de junho, o projeto foi homologado pelas autoridades do setor e em poucos dias a área de lazer, portarias, elevador e o hall de entrada e dos apartamentos do condomínio passarão a ser iluminados com energia fotovoltaica.
Só os apartamentos não utilizarão este tipo de energia. Com a implantação, eles calculam reduzir a conta de luz destes locais de R$ 4.900, 00 para algo em torno de R$ 200,00. A economia fará com que o investimento de R$ 183 mil reais na implantação da energia fotovoltaica seja pago nos próximos dois anos.
O empresário também tem um novo projeto em fase de estudo. A implantação de uma usina de produção de energia solar para locação dos equipamentos para empresas que não tem espaço para sua própria instalação. O projeto deverá ser instalado em uma área de aproximadamente 25 mil metros quadrados de sua propriedade.
Levantamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), revela que o Brasil acaba de ultrapassar a marca de meio milhão de conexões de geração própria de energia a partir da fonte solar fotovoltaica.
Desde 2012, a modalidade instalou cerca de 5,8 gigawatts (GW) de potência operacional, sendo responsável por mais de R$ 29 bilhões em novos investimentos no país e agregando mais de 174 mil empregos acumulados no período, espalhados pelas cinco regiões nacionais.
A Absolar foi fundada em 2013 e congrega empresas e profissionais de toda a cadeia produtiva do setor solar fotovoltaico com atuação no Brasil, tanto nas áreas de geração distribuída quanto de geração centralizada.
Embora tenha avançado nos últimos anos, o Brasil – detentor de um dos melhores recursos solares do planeta – continua atrasado no uso da geração própria de energia solar. Dos mais de 87 milhões de consumidores de energia elé trica do Brasil, menos de 0,7% já faz uso do sol para produzir eletricidade, limpa, renovável e competitiva.
Para a entidade, o maior incentivo à geração própria de energia renovável, como proposto no Projeto de Lei nº 5.829/2019, que cria um marco legal para a modalidade, fortalecerá a segurança de suprimento elétrico em tempos de crise hídrica, bandeira vermelha na conta de luz pelo uso de termelétricas fósseis e risco de racionamento.
O projeto de autoria do deputado federal Silas Câmara e relatoria do deputado federal Lafayette de Andrada, garantirá em lei o direito do consumidor de gerar e utilizar a própria eletricidade, a partir de fontes limpas e renováveis.
Para os representantes regionais da Empresa Solstar, José Francisco Pimenta e Flávia Cunha a utilização da energia fotovoltaica tem crescido por dois fatores essenciais. O primeiro é a facilidade para a aquisição do sistema solar através de financiamentos que substituem a despesa com energia, pela parcela do financiamento o que garante previsibilidade de custos, pois as parcelas são fixas.
O outro, a produção de energia sustentável que contribui para a preservação ambiental. “A energia produzida a partir do sol contribui com as ações de sustentabilidade que não agridem o planeta”, afirmam. A empresa Solstar é uma das três maiores do país no setor e tem investido em vários projetos na região de Ribeirão Preto, sejam empresariais ou residenciais.
Energia alternativa está presente em muitos municípios
A geração própria de energia solar já está presente em 5.257 municípios e em todos os estados brasileiros. Entre os cinco municípios líderes estão Cuiabá (MT), Brasília (DF), Teresina (PI), Uberlândia (MG) e Rio de Janeiro (RJ), respectivamente.
Em número de unidades consumidoras usando geração própria de energia solar, os consumidores residenciais estão no topo da lista, representando 75,0% do total. Em seguida, aparecem consumidores dos setores de comércio e serviços (15,4%), produtores rurais (7,0%), indústrias (2,3%), poder público (0,4%) e outros tipos, como serviços públicos (0,02%) e iluminação pública (0,01%).
A energia solar na geração própria também ajuda a economizar água dos reservatórios das hidrelétricas do País e reduz o uso de termelétricas fósseis, caras, poluentes e responsáveis pela terrível bandeira vermelha. Com isso, ajuda a diminuir a conta de luz de todos os brasileiros. Também reduz as perdas elétricas e os gastos com infraestrutura elétrica, que seriam rateados e cobrados nas contas de luz dos consumidores.
No estado do Rio de Janeiro, por exemplo, este tipo de energia cresceu 14% em termos de potência instalada em telhados e pequenos terrenos. A região saltou de 220 megawatts (MW) de capacidade em abril para 251 MW em maio, o que fez o território fluminense subir uma posição no ranking nacional da modalidade.
Os 251 MW em operação nas residências, comércios, indústrias, propriedades rurais e prédios públicos do Rio de Janeiro representam 4,3% de toda a produção nacional da fonte fotovoltaica na geração própria de energia, que hoje possui 5,9 mil MW, um terço da capacidade de Itaipu.
O mapeamento foi feito pela Win Energias Renováveis, distribuidora de equipamentos fotovoltaicos com sede no Rio de Janeiro e pertencente ao Grupo All Nations, com base nos dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
Câmara vai substituir energia elétrica por fotovoltaica
A Câmara de Vereadores de Ribeirão Preto vai abrir licitação para a instalação de energia fotovoltaica no prédio do Legislativo municipal. Em abril foi concluído o Termo de Referência, que antecede a licitação. O termo é o documento que condensa as principais informações da fase interna da licitação. Seus dados servem de espelho para elaboração do edital e do contrato com a empresa vencedora. Atualmente a Câmara está com um processo de compra aberto para a contratação do projeto executivo.
Segundo o presidente da Câmara, Alessandro Maraca (MDB) a substituição da energia elétrica pela fotovoltaica será feita nos dois prédios do Legislativo: o principal e o anexo. A previsão é que sejam investidos entre R$ 1,7 e R$ 1,8 milhão na implantação do sistema. O funcionamento do sistema de energia solar fotovoltaica baseia-se na utilização de painéis solares que captam a luz e, por meio do efeito fotovoltaico, geram energia elétrica,
No prédio Anexo do Legislativo, por ele ser novo, as placas fotovoltaicas serão instalados sobre a cobertura do prédio. Já no principal, por ser antigo, será realizado um estudo para verificar se ele tem capacidade para suportar o peso das placas. Caso seja constatado que não suporta, elas serão instaladas sobre os estacionamentos principal e lateral da Câmara. Funcionarão como uma espécie de cobertura para os estacionamentos. “Atualmente a Câmara gasta com energia elétrica cerca de R$ 1,5 milhão por ano, Estudos mostram que em vinte anos, contados a partir da implantação do sistema, a Câmara economizará cerca de R$ 30 milhões”, afirma.
Conta de luz fica mais cara em julho
A crise hídrica enfrentada pelo Brasil e a queda do nível dos reservatórios de hidrelétricas farão a conta de luz ficar mais cara no mês de julho. O aumento da bandeira tarifária vermelha patamar 2 foi anunciado na última terça-feira, dia 29, pelo Governo Federal e pode representar uma alta de 5,45% na conta de julho em comparação com junho.
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a cobrança passou de R$ 6,24 para R$ 9,49 por cada 100 kWh consumidos, uma alta de 52%. Segundo a Aneel, o acionamento além do previsto de usinas termelétricas para garantir o fornecimento de energia em 2021 vai custar R$ 9 bilhões aos consumidores. De janeiro a abril deste ano, o uso emergencial dessas usinas já custou R$ 4,3 bilhões.
Com o reajuste, uma família que consome 152 kWh por mês, por exemplo, terá uma conta de luz no valor de R$ 124,59 em julho quando começa a vigorar a bandeira vermelha patamar 2. Em junho, antes do aumento, esse valor foi de R$ 118,15.