Tribuna Ribeirão
Economia

Energia pode ficar mais cara em R$ 20,6 bilhões

Os consumidores brasilei­ros podem ter de pagar o valor recorde de R$ 20,64 bilhões nas contas de luz em 2020, para bancar ações e subsídios con­cedidos pelo governo relacio­nados ao setor elétrico, como os de incentivo ao uso de ener­gia eólica e solar.

O valor foi anunciado na terça-feira, 29 de outubro, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), durante vo­tação que abriu a consulta pú­blica do orçamento para o ano que vem da Conta de Desen­volvimento Energético (CDE), fundo onde são depositados os recursos que depois serão gas­tos com as ações e os subsídios.

Ao todo, o orçamento da CDE previsto para o ano que vem é de R$ 22,45 bilhões, aumento de 11% em relação à conta prevista para este ano. Quando considerado só o va­lor para bancar os subsídios, o aumento é de 27%, segundo o diretor-geral da Aneel, An­dré Pepitone. “É um aumento significativo”, diz. Ele destaca que 28% dos subsídios são destinados ao consumidor de fonte de energia incentivada (eólica e solar).

Em segundo lugar está o benefício para o consumidor rural, representando um quar­to do total. “O subsídio de fonte incentivada merece aná­lise criteriosa sobre se ainda é razoável que se conceda esses subsídios que estão onerando o bolso de cada consumidor de energia brasileiro”, disse Pepito­ne, lembrando que essa discus­são está sendo realizada pelo Congresso Nacional.

Esse orçamento não está fechado porque a proposta ainda vai passar por consulta pública e voltará a ser anali­sada pela diretoria da Aneel. Além disso, uma decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) pode reduzir o valor cobrado dos consumidores, nas contas de luz, para finan­ciar esses subsídios. A consul­ta pública, que vai debater o orçamento da CDE, começou nesta quarta-feira (30) e ter­mina em 29 de novembro.

Um dos motivos para o au­mento da conta de subsídios é a revisão dos preços do óleo diesel utilizado para gerar energia para pontos isolados. Parte do custo relacionado com a compra de combustí­veis para as termoelétricas en­tão acaba sendo rateado entre os consumidores, para que as contas nesses locais não fi­quem muito caras.

Para 2020, a previsão é de que esse valor fique em R$ 7,5 bilhões, uma alta de aproxima­damente 20% em relação ao relação a conta de 2019, de R$ 6,3 bilhões. Outra questão que também teve forte influência nessa conta está a impossibili­dade de importação de energia da Venezuela para atendimen­to à carga de Boa Vista (RR). Com isso, localidades também passaram a precisar da energia de termoelétricas movidas a óleo, que são mais caras.

Um julgamento do Tri­bunal de Contas da União (TCU) tem potencial de alte­rar os números da proposta apresentada na terça-feira, podendo ter impacto no valor total do orçamento da CDE com uma redução de R$ 4,4 bilhões, segundo Pepitone.

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