Tribuna Ribeirão
Geral

Empresas desistem de instalar alambrado

A prefeitura de Ribeirão Pre­to vai gastar mais de R$ 100 mil para tentar controlar a infestação de carrapato-estrela que se tor­nou endêmica no Parque Eco­lógico Maurílio Biagi, no Centro da cidade, às margens do córrego Laureano. O problema é que as empresas habilitadas na licitação não demonstraram interesse.

A construtora vencedora do certame de R$ 103.868,81 desistiu, a segunda colocada, também convocada, não se in­teressou, e na edição do Diário Oficial do Município (DOM) deste terça-feira, 6 de feverei­ro, a administração chamou a terceira classificada, a Fanor Construtora e Incorporadora, que tem cinco dias de prazo para aceitar o serviço.

O processo de compras nº 39/2017 tem por objetivo a “contratação de empresa espe­cializada para construção de alambrado em área pública localizada na área interna do Parque Maurílio Biagi às mar­gens do córrego Laureano, com fornecimento de mão de obra e material, conforme descrito em edital e seus anexos”.

No dia 2 de janeiro, foi publi­cado no DOM o edital de adju­dicação, dando como vencedora a Crisacon Construtora, de Ri­beirão Preto. Com a desistência da primeira colocada, no dia 31 a prefeitura anunciou a con­vocação da GG Ribeirão Cons­trutora, que teve cinco dias de prazo para confirmar seu in­teresse em aceitar o serviço, mas não se manifestou. Assim, ontem foi convocada a terceira colocada na licitação.

O alambrado às margens do córrego Laureano, no trecho que corta o Parque Maurílio Biagi, tem por objetivo impedir a cir­culação de capivaras, animais que carregam o carrapato-estre­la, responsável pela transmissão da febre maculosa aos seres hu­manos. Entre agosto de 2014 e 31 de janeiro e 2015, o local ficou seis meses interditado por causa de uma infestação de carrapatos.

A infestação ocorreu por causa da quantidade de capi­varas que ficavam às margens do córrego que cruza o recinto. Os animais, segundo biólogos, são hospedeiros do parasita transmissor da febre maculosa, doença que pode levar os seres humanos à morte. A prefeitura limpou as áreas contaminadas e substituiu a areia dos playgroun­ds, além de instalar defensas de concreto ao redor do córrego, para evitar que as capivaras aces­sem o parque.

As medidas, no entanto, não foram suficientes para acabar com a infestação. Isso porque, apesar de se reproduzir uma vez por ano, a fêmea do carrapato coloca de mil a 20 mil ovos por vez. Pesquisadores da Faculdade de Medicina Veterinária e Zoo­tecnia (FMVZ) da Universidade de São paulo (USP) e da Supe­rintendência do Controle de En­demias (Sucen) já comprovaram que as capivaras apresentam um importante papel na transmissão da febre maculosa.

De acordo com um dos co­ordenadores do estudo, o pro­fessor Marcelo Bahia Labruna, da FMVZ, esses roedores são hospedeiros amplificadores da bactéria causadora da doença, a “Rickettsia rickettsii” (riquétsia). A febre maculosa é transmitida aos seres humanos pela picada do carrapato estrela infectado com riquétsia. A doença cau­sa febre, dor muscular, cefaléia e, em 70% dos casos, manchas na pele a partir do terceiro dia após a infecção, podendo haver necrose das extremidades e, nos casos mais graves, levar à morte.

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