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Empresas de valores: votação só em 2019

A redação final da proposta de emenda à Lei Orgânica do Município (LOM), de autoria do vereador Elizeu Rocha (PP) e que prevê a possibilidade de a prefeitura de Ribeirão Preto re­vogar a licença de empresas de transporte e guarda de valores instaladas na cidade, só será vo­tada em fevereiro. Na noite desta terça-feira, 18 de dezembro, em sessão extraordinária, a Câmara decidiu adiar a votação. O ple­nário estava lotado de pessoas quem residem no entorno des­tes estabelecimentos e de fun­cionários do setor.

A decisão de retirar a propos­ta de emenda da pauta partiu de Orlando Pesoti (PDT), que apre­sentou requerimento solicitan­do o adiamento da votação por três sessões – resta apenas a desta quinta-feira (20) antes do recesso parlamentar – depois de se reunir com o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Trans­porte de Valores (ABTV), Ruben Schechter, que esteve na cidade para acompanhar o caso.

O requerimento do pedetista foi aprovado por 14 votos a favor e 12 contra – apenas o presidente Igor Oliveira (MDB) não votou. O projeto de Elizeu Rocha dá nova redação à alínea “b”, do inciso XXVI, do artigo 4º da Lei Orgâ­nica, que dispõe sobre a revogação da licença de funcionamento de empresas cujas atividades se tor­narem prejudiciais à segurança. Já havia sido aprovado em primeira discussão, no dia 6 deste mês. Por se tratar de mudança na LOM, considerada a “Constituição Mu­nicipal”, precisava de maioria qua­lificada, ou seja, a adesão de18 dos 27 vereadores – dois terços. Pas­sou por unanimidade.

Segundo Elizeu Rocha, em março de 2017 ele apresentou indicação à prefeitura cobrando a elaboração de projeto que proi­bisse a concessão de alvarás a estes estabelecimentos dentro do perí­metro urbano de Ribeirão Preto, mas não obteve retorno, por isso propôs a emenda. Já a prefeitura afirma que as empresas estão am­paradas por lei federal. Ontem, ele até que tentou argumentar, mas foi vaiado pelos manifestantes fun­cionários das empresas – deram às costas enquanto o parlamentar discursava –, e reclamou que o presidente da ABTV , que estava na sessão, não o procurou para discutir o projeto.

Schechter afirmou ao Tribu­na que as empresas não foram consultadas. Ele passou o dia conversando com vereadores – mas não com Rocha – e tentando convencê-los de que a propositura é inconstitucional, pois fere a lei federal que regula o transporte e a guarda de valores. Também afir­ma que todas as empresas instala­das na cidade obtiveram o alvará de funcionamento obedecendo rigorosamente a legislação muni­cipal. Portanto, estão dentro da lei e deveriam ter sido ouvidas.

“Fomos alijados deste proces­so e o mínimo seria a realização de audiência pública para que as discussões fossem aprofundadas”, diz. Ele lembra ainda que transfe­rir as empresas para a zona rural ou para áreas industriais em vez de resolver o problema vai facilitar a ação dos ladrões, pois estariam todas agrupadas num mesmo lo­cal. “Além disso, nossos vigilantes não podem utilizar o mesmo ar­mamento que os bandidos usam. A legislação permite apenas ar­mamentos calibre 12 e revolver 38”, completa, lembrando que se­gurança pública é competência do Estado, enquanto ente federado e da União.

Outro fator que o presiden­te lista é que com a proibição as empresas de transporte de valores devem deixar Ribeirão Preto com um “grande problema sócio eco­nômico”: o desemprego e a queda na arrecadação do Imposto Sobre Serviços (ISS). Dados da Asso­ciação Brasileira das Empresas de Transporte de Valores revela que o setor emprega duas mil pessoas na cidade – 700 vigilantes e 1.300 na área administrativa e de tesou­raria. Por ano, os estabelecimen­tos recolhem R$ 3,5 milhões de ISS. Com a mudança de cidade a tributação deixaria de existir e o valor pago pelos bancos para este tipo de transporte aumentaria.

Os ataques
Do outro lado, a população teme novos ataques. Desde agosto de 2015, oito carros-fortes foram atacados por quadrilhas especia­lizadas neste tipo de crime nas estradas da região de Ribeirão Preto. Em pouco mais de dois anos, as sedes de duas empre­sas de valores foram atacadas em Ribeirão Preto. O primeiro ocorreu em 5 de julho de 2016, contra a sede da Prosegur, na ave­nida da Saudade, nos Campos Elí­seos, na Zona Norte. Os bandidos levaram R$ 51,2 milhões.

Duas pessoas morreram – um morador de rua e um dos suspeitos. Vários imóveis na vi­zinhança foram danificados e moradores do entorno fizeram um abaixo-assinado pedindo a saída da empresa, que foi para o Santa Cruz do José Jacques. Quatro suspeitos foram con­denados este mês a penas que somadas chegam a 481 anos de prisão. Na madrugada do dia 29 de outubro deste ano, o alvo foi a sede da empresa de transportes de valores Brink’s, no bairro La­goinha, Zona Leste de Ribeirão Preto. O bando não levou nada. Um bandido morreu.

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