Estudos têm mostrado evidências de que as expressões faciais não apenas comunicam os diferentes estados emocionais, mas também amplificam e regulam-nas. Darwin, em seu conhecido livro publicado em 1872, “A Expressão das emoções nos homens e nos animais” argumenta que a livre expressão por sinais externos de uma emoção a intensifica. Por exemplo, aquele que faz gestos violentos aumenta sua raiva.
Experimentos conduzidos em laboratórios têm induzido estudantes a simularem emoções, por exemplo, “amarrar a cara”, solicitando que “contraíssem esses músculos” e “juntassem as sobrancelhas”. Os resultados foram muito interessantes revelando que os estudantes sentiram certa irritação. Ao contrário, estudantes que foram induzidos a sorrir revelaram-se mais felizes e acharam cartuns mais engraçados e recordaram momentos mais felizes do que os outros que foram induzidos a amarrarem a cara. Em adição, evidências demonstram que quando as pessoas foram instruídas a simularem seus rostos de maneira a imitar expressões de outras emoções básicas também vivenciaram tais emoções. As pessoas que revelaram sentir mais medo do que raiva, repulsa ou tristeza quando levadas a simularem uma expressão de medo: “Levante as sobrancelhas; arregale os olhos; incline a cabeça para trás, encolhendo um pouco o queixo; deixe a boca relaxar e pender um pouco”. Importante, assumir, gesticular, simular movimentos, posturas ou gestos, desperta as emoções.
O conhecido pesquisador das emoções Paul Ekman e seus colegas, em 1983, realizaram um experimento muito interessante com o propósito de demonstrarem que movimentos e gestos disparam emoções que podem ser percebidas como tais mesmo na ausência de emoções concorrentes. Seus sujeitos experimentais eram atores profissionais habilitados, em que se tornam, em termos físicos e psicológicos, os personagens que estão representando. Os autores assumiam uma expressão e a mantinham por 10 segundos, enquanto os pesquisadores mensuravam os batimentos cardíacos e a temperatura digital. Quando faziam uma expressão assustada, a pulsação aumentava aproximadamente 8 batimentos por minuto e a temperatura do dedo se mantinha constante. Quando simulavam uma expressão de raiva, a pulsação e a temperatura do dedo aumentavam como se o ator estivesse de fato de “cabeça quente”.
Assim considerando, nossas expressões faciais, como indicadores de nossas emoções, enviam sinais para o sistema nervoso autônomo, que por sua vez reage de acordo. Os dados de Ekman e colaboradores também confirmam que estados do corpo sutilmente diferentes se encontram subjacentes a emoções diferentes. Também importante destacar que ao assumirmos uma expressão emocional esta desencadeia um sentimento, portanto imitar as expressões de outros nos ajuda a sentir o que os outros estão sentindo. Daí a ideia do conceito de empatia afetiva, emocional, ou mesmo sensorial e cognitiva. Sentir e avaliar a dor subjetiva de outra pessoa é, em essência, um exemplo típico e muito interessante na prática. Às vezes falamos do “olho clínico” de alguns profissionais de saúde. Lembram-se da série “Dr. House”?
Um modo de ter empatia, ou seja, sentir o que os outros estão sentindo, é deixar que seu rosto, sua face, imite a expressão da outra pessoa. Agir como o outro age nos ajuda a sentir o que o outro sente. Mas, parece que no mundo da Inteligência Artificial, sentir as emoções dos outros está se tornando uma parte da vida quase insignificante. Seremos todos robôs?